segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Das folhas ao charuto

Após a colheita, as folhas são amarradas em maços e penduradas para secar e amadurecer, em espaços onde é feito o controlo da temperatura. Os talos são separados das folhas para a sua fermentação. Esta elimina as impurezas, a nicotina e refina o sabor do fumo. As folhas são depois separadas de acordo com a cor, o formato, a espessura e a resistência.


A estrutura de um charuto feito à mão compreende as seguintes partes: a folha do INVÓLUCRO (Capa), a folha da SUBCAPA (Capote) e as folhas que constituem o ENCHIMENTO (Miolo ou Tripa). A folha do invólucro é o elemento mais importante e corresponde, mais ou menos, a 60% do paladar; deve ser macia e dobrar-se com facilidade. Esta folha, que envolve a subcapa, deve ter uma coloração uniforme.


Os charutos de sabor suave possuem, geralmente, um invólucro Sumatra, Java ou Connecticut. Os charutos encorpados são feitos com invólucros do Brasil, da Colômbia, do México ou de Cuba.


A subcapa tem a função de envolver e sustentar o enchimento. Ela tem influência sobre a velocidade da queima, do aroma e do paladar . Para a subcapa são escolhidas as folhas mais flexíveis e resistentes que se encontram na parte inferior da planta.


O enchimento representa o coração do charuto. A sua composição ou mistura é fundamental para um charuto de selecção. É no segredo dessa mistura das folhas e na preparação adequada que reside a arte de um bom charuto. As folhas são dobradas em fole de forma a circular o ar e o fumo. Há três camadas da planta que podem ser de dois tipos: long filler (fumo inteiro) ou short filler (fumo picado).


As condições do solo, a temperatura e a humidade são essenciais e necessárias para uma boa qualidade das folhas para charuto. Assim, os charutos produzidos na República Dominicana, na Nicarágua, no México, em Cuba ou no Brasil não podem ser iguais, pelo facto das características locais serem diferentes. Os charutos “premium” são feitos à mão com folhas inteiras, que beneficiam da qualidade do solo, do clima, das técnicas de cultivo e do processo artesanal de enrolar as folhas.





sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Reflectindo sobre...

A ideia deste blog foi, fundamentalmente, divulgar o coleccionismo de cintas de charuto (vitolas, anilhas ou anéis) como um percurso cultural.

Entendo que um coleccionador, no verdadeiro sentido da palavra, tem o dever
de procurar informações sobre os diversos temas abordados na figuração das cintas e, ao mesmo tempo, pesquisar e conhecer um pouco sobre a origem das fábricas de charutos.

Nesta perspectiva, o estudo e a catalogação das cintas, tendo como adjuvante os catálogos editados por especialistas, permite uma abordagem ao conhecimento da história política, social e económica desta aldeia global, onde a sedução da (re)descoberta nos enriquece e valoriza.


As cintas de charuto, verdadeiros bilhetes de identidade, documentam as suas origens e, travestisadas nas suas roupagens de arco-iris, revelam pontos de partida para pesquisas e estudos mais aprofundados.

Assim entendido, o coleccionismo das cintas de charuto dá-nos a possibilidade de contactos com outros coleccionadores, nacionais e estrangeiros, para troca de duplicados, adquirindo ao mesmo tempo saberes específicos inerentes ao mundo da vitolfilia. Nesta permuta de materiais (cintas) e de informação, resulta um enriquecimento pessoal, cujo convívio, ainda que epistolar, nos valoriza como pessoas.

As cintas de charuto, esses bocados de papel pintado, bem educados em classificadores, desfilam aos nossos olhos numa passagem de modelos, qual jardim florido, provocando um enamoramento constante.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Homenagens/ Referências

BOLIVAR - marca que homenageia o general e político latino-americano Simon Bolívar (1783-1830), líder do movimento que resultou na independência da Venezuela, Colômbia e Equador.

DONA FLOR - marca produzida pela fábrica brasileira Menendez & Amerino, representando uma homenagem à personagem da obra “Dona Flor e os Seus Dois Maridos”, do escritor Jorge Amado (1912-2003).

GABRIELA - marca da fábrica Menendez & Amerino, representando o nome da personagem do romance de Jorge Amado, “Gabriela Cravo e Canela”.
MONTECRISTO - marca de charutos da fábrica H. Upmann, cujos proprietários foram Menendez, Garcia & Cia. O nome foi inspirado no livro de Alexandre Dumas (1803-1870), o “Conde de Monte Cristo”, escrito em 1844.

PUNCH - marca criada em 1840, em Havana, por Manuel Lopez, proprietário de J. Valle y Cia. À época, estava na moda no Reino Unido a revista humorística do mesmo nome, cuja personagem, Mr. Punch, continua aparecendo, com um charuto na mão, nas litografias das caixas de charutos.

QUITÉRIA - marca que homenageia Maria Quitéria (1792-1853), heroína da Bahia, que disfarçada de homem se alistou como soldado voluntário, nas guerras pela independência do Brasil.

ROMEU Y JULIETA - marca cubana que reproduz o famoso casal de amantes de Verona, que cometeu o suicídio para escapar ao ódio entre as duas famílias, tragédia escrita por William Shakespeare (1564-1616).

SANCHO PANZA - marca que representa o fiel escudeiro de “Don Quijote de la Mancha”, obra do escritor espanhol Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616).

VASCO DA GAMA - marca de charutos fabricados na Alemanha, pertencentes `multinacional sueca Swedich Match, representando o navegador português (1468-1524), descobridor do caminho marítimo para a Índia.

A Temática Vitolfílica

As fábricas de tabaco, em especial os fabricantes de charutos, souberam usar as tecnologias litográficas para os seus produtos tabaqueiros, numa iniciativa de marketing e por necessidade imperativa de identificação das marcas e fábricas, preservando-as das fraudes.

Porém, o que se verificou na prática, para além dessa funcionalidade, foi a proliferação de séries de cintas, de temas diversos, e a consequente venda desmedida de charutos, sem que para isso se alterasse a qualidade do produto final – ocharuto.

Refiro-me concretamente às séries infindáveis, que desenvolvendo uma vastíssima temática, reproduzem retratos de políticos, pinturas e pintores, flora e fauna, desporto e moda, bandeiras e transportes, histórias infantis (o Capuchinho Vermelho, o Gato de Botas, Tintin e Milú, Pinóquio, Alice no País das Maravilhas, a Casa de Chocolate), religião, enfim, mil e uma cores em tamanhos pequenos, médios e grandes, à procura de namorar os coleccionadores.

No vastíssimo vitolário europeu, para além das cintas referidas, existem outras que documentam um nome, uma empresa, um produto, uma efeméride, um clube, um casamento, um baptizado, algumas confeccionadas em papel autocolante e em fracas purpurinas.

As chamadas cintas “clássicas”, engalanadas em “pan de oro”, reproduzindo personagens, cujos feitos ficarão na memória dos vindouros, desfile interminável de reis, presidentes, homens de estado, conquistadores, inventores, marinheiros, militares, músicos, e as
mulheres de pompa e circunstância, representam “as meninas dos olhos” dos coleccionadores.

Cogito, ergo sum



* “O tabaco é a planta que transforma pensa-
mentos em sonhos”
Victor Hugo (1802-1885)
* “Um charuto entorpece o desgosto e enche as horas solitárias com um milhão de imagens agradáveis” George Sand (1804-1876)

* “Não me peçam para descrever os encantos do devaneio ou o êxtase contemplativo em que o fumo de um charuto nos mergulha” Jules Sandeau (1811-1883)

* “Do que este país necessita é um bom charuto de cinco cêntimos”
Thomas Marchall
(Vice-Presidente USA, 1919)

* “Se não puder fumar no céu, então não irei para lá”
Mark Twain (1835-1910)
* “ Uma mulher é apenas uma mulher, mas um bom charuto é um Charuto”
Rudyard Kipling (1865-1936)

* “ O coração e o charuto são símbolos um do outro; ambos se queixam e se desfazem em cinzas”
Machado de Assis (1839-1908)

* “Se o nascimento de um génio se assemelha ao de um idiota, o fim de um Havana Corona assemelha-se a um charuto de cinco cêntimos”

Sacha Guitry (1885-1957)

* “ Um charuto não é um hábito é um estilo”
Gerhard Dannemann (1850-1921)

* “ Meu caro, fumar é dos maiores e mais baratos prazeres da vida, e se á partida decidires não fumar, só poderei lamentar-te”
Sigmund Freud (1856-1939)

* “ Mais vale um charuto sem refeição do que uma refeição sem charuto”
( Anónimo)

* “ Se uma mulher conhecer as preferências de um homem, incluindo a sua preferência em matéria de charutos, e se um homem souber do que gosta uma mulher, estarão ambos convenientemente apetrechados para se enfrentarem”
Colette (1873-1954)

* “ Bebo muito, quase não durmo e fumo um charuto atrás de outro. É por isso que estou duzentos por cento em boas condições físicas e mentais”
Winston Churchill (1874-1965)

* “ O fumo é um óptimo companheiro para a solidão de um soldado”
Che Guevara (1928-1967)

* “ Se nos esquecermos de uma deixa, tudo o que há a fazer é enfiar um charuto na boca e puxar umas fumaças até que nos lembremos do que nos tínhamos esquecido”
Grouxo Marx (1890-1977)

domingo, 8 de novembro de 2009

Os Contributos Temporais


Os principais promotores de charutos na Europa foram os espanhóis. As estreitas relações que mantinham com os países da América Central e Sul, controlados por Espanha, abriram caminho à degustação de charutos.

Cuba era o espaço privilegiado para o cultivo de tabaco para charutos, devido ao solo, ao clima e à tradição de enrolar os charutos. Em 1821, o rei Ferdinando VII, de Espanha
, decretou que a produção de charutos em Cuba deveria ser expandida e controlada, uma vez que o hábito de fumar já se tinha afirmado em França e Inglaterra.

O Rei Edward VII, de Inglaterra, era um fã incontrolável de charutos. As suas palavras “Cavalheiros, os senhores devem fumar” contribuíram para o hábito de fumar charutos em todo o território britânico. Muitas personalidades têm vindo a tornarem-se fãs dos charutos e algumas emprestam o seu nome à marca de que é exemplo Sir Winston Churchill, de quem se diz ter fumado cerca de trezentos mil durante a sua vida.

Outro estadista que terá tido influência sobre o acto de fumar foi o presidente John F. Kennedy, grande apreciador de charutos cubanos. Todavia, em 1961, depois do fiasco da Baía dos Porcos, assinou uma declaração de embargo a toda e qualquer relação comercial entre os Estados Unidos e Cuba. Face a esta situação, outros países produtores de charutos como o Brasil, República Dominicana, Honduras, Nicarágua e México aproveitaram para ocupar o lugar de Cuba.
Algumas das personalidades fumadoras de charutos foram os actores Charles Chaplin, Groucho Marx, B
ill Crosby, Eduard G. Robinson, Arnold Schwarzenegger; os escritores Somerset Maugham, Rudiard Kipling, Mark Twin, Óscar Wilde; os cientistas Albert Einstein, Sigmund Freud; os políticos Ulisses S. Grant, Otto Von Bismarck, Eduard VII, Farouk, Fidel Castro,
Che Guevara.

A explicação filosófica para a degustação ou o prazer de fumar charutos pode ser entendida do seguinte modo: Platão sugeriu que considerássemos a alma como sendo dividida em três partes: a vegetativa sensorial, a espiritual ou sensitiva e a racional, correspondendo cada uma das três categorias aos desejos humanos – o desejo da satisfação dos apetites físicos, o desejo do reconhecimento pelos outros e o desejo de conhecer a verdade.

Considerando a relação que existe entre o consumo do tabaco e a alma humana, podemos tomar como ponto de partida os três processos mais comuns de fumar cigarros, charutos e cachimbo. Os cigarros correspondem à parte vegetativa (o apetite sensorial); os charutos à parte espiritual sensitiva da alma, explicado pela procura da honra, reputação e ambição; o cachimbo à parte racional da alma.

México : a nascente

O extenso vitolário de marcas mexicanas não permite, aqui e agora, porque o espaço é curto e o tempo breve, um exaustivo estudo descritivo das fábricas e marcas antigas que, devido às perturbações políticas e revoluções constantes, aconteceu no México, nas duas primeiras décadas do século XX. Algumas fábricas foram saqueadas e incendiadas pelo que se perdeu bastante material vitolfílico em depósito. Todavia, o que sobreviveu, consideradas cintas clássicas, tem preços altos no mercado vitolfílico. Estão neste caso as marcas La Rica Hoja, La Violeta, La Perla, Balsa Hermanos, André Corrales, Bernabé Garcia, El Destino, La Família, La Rosa de Oro, Agustin Blanco, La Prueba, entre outras.

Mas, recuperando o tempo, refira-se que a Península de Yucatán é, provavelmente, o local de dá origem ao cultivo do tabaco. Os povos nativos terão sido os primeiros a plantar e a fumar tabaco. Alguns investigadores afirmam que os índios Tainos, do Caribe, já fumavam folhas há dois mil anos, costume que foi seguido pelos Maias da América Central. Esta civilização floresceu no século IV d. C., desenvolveu-se na Península de Yucatán, Honduras e Guatemala, dependia economicamente da agricultura que, para além do milho, cultivava o tabaco, cujo fumo era utilizado em rituais e cerimónias.
Uma relíquia datada do século X, descoberta em território da Guatemala, mostra um Maia fumando folhas juntas por um fio de barbante amarradas em forma de rolo. O povo Maia adquiriu um grau de evolução no que se refere ao conhecimento da matemática e da astrologia, acreditavam que o destino do homem era regido pelos deuses, a quem ofereciam alimentos, sacrifícios humanos e animais.

Nos temas abordados pelas marcas charuteiras mexicanas para embelezar e identificar os charutos, destacam-se os retratos de políticos e homens de estado – Porfírio Diaz, Francisco Madero, Limantour, Miguel Hidalgo, Mondragon, José Canalejas, Benito Juarez; uma referência especial ”Muñeca” de Andrés Corrales.

Das marcas actuais de charutos feitos à mão, salienta-se os Te-Amo, Matacan, Santa Clara e Veracruz. A família Turrent, envolvida na cultura do tabaco há cinco gerações, é o maior fabricante de charutos do México. O primeiro Alberto Turrent emigrou de Espanha para o México em 1880, onde estabeleceu fazendas de tabaco no vale de San Andrés, no sudoeste de Veracruz.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sótão de curiosidades charuteiras

»Em 1586, o Rei Filipe II de Espanha ordenou que as folhas de tabaco fossem queimadas por serem prejudiciais ao corpo e ao espírito e por contrariarem regras da cristandade, impostas pela igreja e controladas pela Inquisição.

» No início do século XVII, o tabaco era fumado apenas em cachimbo nas colónias americanas. O charuto propriamente dito só apareceu em 1762, quando o general Israel Putnam trouxe os primeiros charutos de Cuba e sementes da planta para os Estados Unidos.

» Em meados do séc. XVIII, em especial em França e Inglaterra, o hábito de fumar charutos espalhou-se entre os cavalheiros de tal modo que, nos comboios, existiam carruagens próprias para degustar charutos.

» Na altura da guerra civil americana (1861-1865), o hábito de fumar charuto divulgou-se imenso em todo o país. Depois das reduções de impostos na década de 1870, os charutos começaram a encontrar-se com mais facilidade e a produção doméstica aumentou. Em finais do séc. XIX e de modo análogo ao que se passou na Europa , o charuto tornou-se símbolo de estatuto superior.
» No séc. XIX, em França, surgiu a necessidade de uma roupa própria para protecção do odor do fumo dos charutos. Criou-se então o “Smoking Jacket ou jaqueta de fumar com a aparência de um “robe de chambre”, normalmente feito de veludo, caxemira ou seda, de cores brilhantes e ornamentado com grandes botões. As lapelas eram largas, combinando com uma faixa do mesmo tecido em volta das mangas. Uma camisa social branca era usada por baixo, sempre com uma gravata borboleta ou “écharpe”. A calça era sempre preta, azul-marinho ou cinza-escura com sapatos de amarrar ou enfiar, pretos, ou chinelos persas de seda.


Em 1845, Don Jaime Partagas deu o seu nome a uma nova marca de Havanos. Era um homem apaixonado pela beleza feminina. Dono de vegas em Vuelta Abajo, visitava frequentemente as suas plantações, não só com o fim de seguir os progressos, mas também na tentativa de desfrutar de alguns romances. Amores, ciúmes e vingança estão relacionados com o assassinato de Don Jaime, encontrado morto numa manhã, envolto em misteriosas circunstâncias, numa das suas vegas.

» Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o lucro dos postais vendido pela Cruz Vermelha permitia que fossem mandados charutos aos soldados em combate.

» O fumador de charutos mais conhecido foi Winston Churchill (1874-1965), de quem se diz ter fumado 250000 charutos. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), por ocasião dos ataques aéreos a Londres pelos alemães, o fornecedor de charutos Alfred Dunhill, através do seu gerente, telefonou a Churchill para lhe garantir que os seus charutos não tinham sido atingidos.

»“Os deuses inventaram o charuto para desfrutar do prazer especial do sabor do tabaco. De cada vez que se vislumbra um relâmpago e soa um trovão, os deuses estão a fazer fogo para acender um charuto”. In Civilização Maia (México)
» O maior charuto do mundo foi fabricado pela indústria tabaqueira Pedro Capote (Espanha); exibido na feira Oficial e Internacional de Amostras de Barcelona, pesava cento e um quilogramas e media três metros e vinte centímetros.

Os charutos e as mulheres

Ao longo dos tempos, tem sido significativo o número de mulheres fumadoras de charutos. Já no século
XVIII, Catarina II, imperatriz da Rússia, era fumadora de charutos (aliás, é-lhe atribuída a invenção da cinta de charuto, para evitar manchar os dedos), pelo que não é novidade o facto das mulheres, hoje, fumarem charutos.

O que acontece é um certo sigilo, alguma privacidade do acto de fumar, remetendo para círculos mais restritos ou mesmo terapia de grupo
a degustação de charutos. Não se trata de uma conquista feminina do “status” social, nem uma equiparação ao hábito masculino, mas tão somente a liberdade, inerente à sua condição humana.

A sociedade ainda reflecte preconceitos no que diz respeito à prática pública das mulheres fumadoras, especialmente de charutos.


Fumar um charuto pode representar uma atitude sexy, onde o prazer se confunde com o vício. Muitas fumadoras de charutos, movendo-se em círculos artísticos ou boémios, quebrando as grilhetas do parece mal ou não é feminino, têm desafiado as regras sociais.

A aparência fálica do charuto serve
para testemunhar a virilidade ou a feminilidade do desejo de reconhecimento dos outros. Há quem defenda que a imagem do charuto está associada ao poder e ao estatuto das colunáveis. Privilégio ou não de certo extracto social, certo é que a classe média já tomou de assalto essas trincheiras.

Entre tantas fumadoras de charutos, muitas escondidas no anonimato, contam-se os nomes das actrizes Marlene Dietrich, Greta Garbo, Jodi Foster, Mae West, Leslie Caron, Demi Moore, Woopi Goldberg, das escritoras George Sand, Colette, das cantoras Fafá de Belém, Madona e da modelo Linda Evangelista.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Fragmentos da história da indústria de charutos

As características do solo e o microclima terão contribuído para que a ilha de Cuba ocupasse o primeiro lugar no podium dos fabricantes de charutos, desde o século XIX. Todavia, dois momentos históricos na ilha são os responsáveis pelo desenvolvimento da indústria tabaqueira, em especial a produção de charutos, noutros países da América Central. Caso da República Dominicana, Honduras, Nicarágua e Jamaica e também Estados Unidos e Brasil.

Refiro-me ao fim da colonização espanhola, em 1898, e à revolução de Fidel Castro, em 1959, esta ultima com a nacionalização das fábricas de tabaco.

Dessa rotura social, resultou a emigração de famílias de charuteiros cubanos e a consequente instalação de fábricas nesses países.

A República Dominicana possui um clima quente favorável ao cultivo de tabaco para charutos. A maioria das fábricas encontra-se em Santiago e no vale do Cibao. Estas plantações estão referenciadas desde o início do século XVII, mas é a partir dos anos sessenta do século XX que se dá o “boom” de charutos de grande qualidade.

Refira-se as marcas actualmente produzidas na ilha: A. Fuente, Macanudo, La Aurora. Ashton, Avo, Davidoff, La Glória Cubana, Cuesta Rey.

Na Nicarágua, a maior parte da população trabalha na agricultura que inclui a cultura do tabaco. São quatro as regiões privilegiadas para a cultura do fumo: Jalapa, Esteli, Condega e Ometempe. Entre os melhores charutos estão os Tatuaje, Don Pepin, Oliva, Padron e Perdomo.

A República das Honduras caracteriza-se por ser uma região pantanosa de clima tropical. As plantações de tabaco e o fabrico de charutos têm-se tornado muito importantes, especialmente a partir de 1960, com a chegada de emigrantes cubanos. De notar que algumas marcas de charutos hondurenhos têm nomes iguais as marcas cubanas: El Rey del Mundo, Hoyo de Monterrey e Punch. Uma gama de charutos feitos à mão inclui as marcas como Don Tomás, Don Ramos, Escalibur, Zino, Bances e CAO.

A Jamaica é um país montanhoso com clima tropical marítimo. O fabrico de charutos na ilha vem desde o século XIX, altura em que emigrantes cubanos aportaram à ilha e instalaram fabricas em Kingston. As marcas de charutos mais conhecidas são Os Macanudo, Temple Hall e Royal Jamaica.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

À volta da história da indústria de charutos do Brasil

Na época dos Descobrimentos do Brasil, o fumo fazia parte dos rituais dos índios de todas as tribos que estiveram em contacto com os portugueses. No período colonial (1500-1822), o Brasil estava limitado à produção de matéria-prima e a consumir produtos manufacturados em Portugal. Só a partir da chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro foi possível pensar numa indústria brasileira, cujo alvará de D. João VI abriu caminho ao seu desenvolvimento.

Desde então, a Bahia tem sido o berço da indústria de charutos e cigarrilhas. As duas primeiras manufacturas de charutos, ali instaladas, datam da segunda metade do século XIX – a Vieira de Mello e a Costa Ferreira & Penna, ambas em 1851. Já, em 1842, o português Francisco José Cardoso, tinha fundado em São Félix a fábrica de charutos A Juventude.

O passo gigante da história dos charutos baianos deu-se com a chegada de alemães, interessados no fabrico do fumo. No período entre 1885 e 1888, instalaram-se na Bahia as seguintes fábricas: Suerdieck, Dannemann, Stender, Jezler & Hoening, Rodenburg e Poock & Cia.

As condições climáticas da Bahia, a introdução de tecnologia e a utilização de sementes cubanas muito contribuíram para o desenvolvimento da cultura das folhas de tabaco e consequentemente a manufactura dos charutos.

Esta manufactura dos charutos era ocupada especialmente por mulheres cuja mão-de-obra era mais baixa que a dos homens. As condições económicas das mulheres, na região da Bahia, facilitou o seu processo de contratação. As necessidades quotidianas e a luta para sustentar as suas famílias, muitas delas solteiras e com filhos, terão contribuído para ultrapassar os preconceitos em relação ao trabalho fora de casa.

Porém, nessa luta pela sobrevivência, ao tornarem-se charuteiras, foram conquistando os seus espaços na profissão e na sociedade. Em algumas fábricas contribuíram para legados culturais, pois nelas nasceu o Samba de Roda. As operárias, enquanto enrolavam os charutos, entoavam cantigas e usavam as ferramentas de trabalho como percussão, de que foi exemplo a fábrica Suerdieck.

Actualmente, existem na Bahia as seguintes fábricas de charutos: Angelina, Josefina, Julien Bahia, Le Cigar e San Francisco Charutos (Cruz das Almas), Chaba (Alagoinhas), Dannemann (São Félix), Menendez & Amerino (São Gonçalo dos Campos), Talvis/Leite & Alves e Paraguaçu (Cachoeira).

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Cuba: Um pouco da história do tabaco

A história dos charutos começa muito antes da chegada de Cristóvão Colombo à ilha de Cuba, em 1492, porém, é a partir da descoberta da planta que se desenvolve a verdadeira cultura do tabaco. A produção do tabaco, em larga escala, terá começado, em 1531, em Santo Domingo(Cuba), embora a planta já fosse cultivada pelos espanhóis residentes na ilha, desde 1520. A primeira fábrica de charutos data de 1810, em Havana e no final do século XIX já existiam cento e vinte fábricas. A produção de charutos em Cuba foi estimulada em 1821 por decreto do rei Fernando VII de Espanha. Em 1840, Cuba já era a maior produtora de charutos do mundo. Em 1898, Cuba passou por uma fase política agitada que resultou na sua independência de Espanha. Nessa época, muitas famílias de charuteiros decidiram emigrar para as ilhas próximas, República Dominicana e Jamaica, onde instalaram fábricas de charutos. Também em 1959, após a revolução perpetrada por Fidel Castro, que estatizou as fábricas, muitos mestres da arte de fabricar charutos emigraram para os Estados Unidos, Honduras e Nicarágua e aí continuaram o fabrico dos “puros”. Um dos motivos que torna os charutos cubanos os melhores do mundo é o microclima da ilha, nomeadamente as características do solo, da temperatura e do ar, extremamente particulares. A província de Pinar del Rio é a maior produtora de fumo, em especial na região de Vuelta Abajo. Durante o período tecnológico e cultivo do tabaco (séc. XVII) já os especialistas avaliavam o solo e o clima de Cuba como factores determinantes da incomparável qualidade das folhas produzidas na ilha. Em 1845, Dom Jaime Partagas deu o seu próprio apelido a uma nova marca de havanos. Desde então surgiram as tradicionais marcas: H. Upmann, Romeu y Julieta, Ramon Allones, MonteCristo, Punch, Por Lorrañaga, La GlóriaCubana, José Gener, Calixto Lopex, Bock e Cia, Fonseca, José L. Piedra, El Rey Del Mundo, Davidoff, Cohiba, entre outras.

terça-feira, 28 de julho de 2009

As associações e os grupos vitolfílicos

Com o aparecimento e difusão das cintas de charuto, formaram-se grupos e/ou associações regionais e nacionais com a finalidade de troca, quiçá compra e venda, pesquisa e estudo de tudo o que se relaciona com a origem e desenvolvimento da produção vitolfílica. Em relação às associações a nível nacional, cito as de maior projecção e notoriedade na Europa: “Asociacíon Vitolfílica Española” (AVE), fundada em Toledo no ano de 1949 e a “Association Vitolphile Belge” (AVB), fundada em 1952. Na vizinha Espanha, proliferam os grupos e associações vitolfílicos.
Os grupos vitolfílicos têm um papel relevante a nível regional porque, estando mais perto dos coleccionadores, permitem um maior envolvimento destes, ao mesmo tempo que prestam ajuda no que diz respeito ao “mundo” Vitolfílico. Cito entre outros, o Grupo Vitolfílico de Barcelona .
A título informativo passo a transcrever o primeiro artigo (traduzido) do regulamento da AVE, no sentido de se compreender os seus objectivos. “Artigo 1º- Esta associação tem como objectivo agrupar os coleccionadores de cintas de charuto, sem distinção de sexo nem de idade, proporcionar-lhes que façam os seus intercâmbios ou aquisições com o maior rendimento e menor gasto possíveis, facilitar as trocas com outros coleccionadores estrangeiros. Esta associação publica seis revistas anualmente, que envia a todos os sócios. Entre os vários assuntos tratados, cintam-se os artigos informativos/formativos, as origens do tabaco, os pioneiros da indústria tabaqueira, o aparecimento de novas cintas, artigos sobre como ordenar um colecção, os concursos exposições, os novos catálogos e a actividade dos grupos.”

domingo, 26 de julho de 2009

A Vitolteca Portuguesa

A indústria tabaqueira portuguesa, no que se refere às cintas de charuto, é paupérrima, tendo em conta as cintas emitidas pelas fábricas - Companhia dos Tabacos de Portugal, Companhia Portuguesa de Tabacos e Tabaqueira. Também as fábricas açorianas – Fábrica de Tabaco Estrela e Fábrica de Tabaco Micaelense identificaram os seus charutos com muito poucas cintas.
Ao contrário do que aconteceu em várias fábricas tabaqueiras da Europa e da América, que reproduzira
m copiosamente retratos de reis e políticos, escritores e homens da ciência, músicos e personagens romanas, a fauna e a flora, o desporto e os transportes, as bandeiras e a religião, as histórias infantis e a moda, as empresas tabaqueiras portuguesas não souberam aproveitar a riqueza da nossa história, política, social e económica divulgando temáticas tão ricas através das cintas de charuto.
Por outro lado, sabe-se da existência de cintas de charuto, mandadas emitir por alguns importadores de charutos portugueses, cintas que ornavam os
charutos que ofereciam aos seus clientes, caso das firmas Dias & Costa, Pereira & Cia, Casa Havaneza, Manuel V. Nunes, Gaspar Carmo & Irmão, Tabacaria Americana, entre muitas, embora sem o cuidado de desenvolvimento de algum tempo específico.
Todavia, há conhecimento da circulação de um série de quatro cintas, denominada Republicanos Portugueses - Afonso Costa, Alexandre Braga, João de Menezes e António José de Almeida, emitida em 1914, ignorando-se o nome da fábrica que as pôs em circulação e da litografia que as confeccionou.

As litografias

Os rótulos ou litografias, além de embelezarem as caixas de charutos, servem, em primeiro lugar, para identificar a marca e a fábrica que produz o charuto. Estas litografias são de grande interesse para os coleccionadores, pois as suas ilustrações, multicoloridas, apresentam técnicas de impressão diversificadas. Muitos desses rótulos, gravados a ouro em baixo-relevo , podem atingir um preço elevado, de acordo com a sua raridade, antiguidade e estado de conservação. A temática é variada, com especial relevância para os retratos de monarcas e outras personalidades ligadas ao consumo de charutos.
Em 1845, Ramón Allones foi o primeiro tabaqueiro a ornamentar as caixas de charutos com rótulos. À volta 1875, os rótulos começaram a ser impressos com dourados. A partir 1885 apareceram os primeiros rótulos litografados com dourados e perfeitos relevos. O dourado destes rótulos era de “pan de oro” de vários quilates.
A arte de realizar e imprimir rótulos para caixas de charutos alcançou uma grande perfeição em Cuba. Assim, paralelamente à indústria tabaqueira nascia a indústria litográfica que teve muito impacto na ornamentação destas caixas. As imprensas europeias, respondendo as exigências das indústrias cubana e mexicana, ampliam o seu raio de acção a todos os mercados tabaqueiros como Espanha, Bélgica, Alemanha, Estados - Unidos e Filipinas. A Alemanha foi sem dúvida o reino da litografia especialmente no período à Primeira Guerra Mundial. Destacou-se a empresa Gebruder Klingenberg (G.K), cujo prestígio chegou a competir com as empresas litográficas dos Estados - Unidos; uma referência especial para a empresa litográfica Hermann Schott (H.S.)

A criação das Cintas de Charuto

Com o crescimento da indústria tabaqueira no princípio do século XX, criaram-se novas medidas de charutos, denominadas vitola. Assim, a primeira noção de vitola é a de medida (bitola), vocábulo que passaria, mais tarde, a significar a cinta que envolve o charuto e o identifica, ao mesmo tempo, quanto à sua origem e marca do fabricante.
Sobre a origem das cintas de charuto diz-se que o seu aparecimento se deve ao facto dos fumadores, nomeadamente do sexo feminino, poderem proteger das manchas de nicotina. Tendo em conta que foi na ilha de Cuba que, pela primeira vez, os europeus viram fumar a planta de tabaco e que, noutro momento, a ilha viveu um período áureo de industrialização de charutos, é credível que alguém tenha inventado as cintas de charuto que, como verdadeiro documento de identificação defendiam a indústria local.
Há quem atribua a Gustave Bock, holandês radicado em Cuba e explorador de uma plantação de tabaco, a invenção da cinta de charuto. Atribui-se-lhe também a autoria do livro “Arte de fumar o charuto”.
Mercê de um cuidado trabalho de pesquisa em manuscritos e informações dos naturais de Cuba, foi possível datar o aparecimento das primeiras cintas nos anos de 1825 e 1826. Primeiramente como simples cintas de papel, depois com inscrições alusivas ao fabricante ou à marca. A pouco e pouco foram-se introduzindo as cores, os dourados, ou motivos, os retratos. Cada charuto passou a ter a sua cinta com a sua identificação personalizada.

Como tudo começou

O tabaco ou cohiva, segundo a denominação indígena é uma planta de pouco mais ou menos um metro de altura, de grandes folhas em forma de lança e flores vermelho-púrpura
Esta planta, que tanta reputação tem dado a Cuba, foi descoberta por Rodrigo de Jerez e Luís Torres, em 31 de Outubro de 1492, quando regressavam da entrega de uns presentes, enviados por Cristóvão Colombo, da parte dos seus soberanos, ao cacique de uma povoação chamada pelos indígenas de “Caonao”.
Os indígenas de Cuba saboreavam estas folhas enroladas, muito antes da chegada de Cristóvão Colombo. Também as empregavam como cataplasmas curativas e os sacerdotes da ilha aspiravam o fumo do tabaco a fim de prognosticar o êxito ou o fracasso das guerras. Os espanhóis, logo que chegaram à ilha, fomentaram o cultivo da planta, regulamentado pela Lei de Outubro de 1611.
Sobre a origem da palavra tabaco tem havido diversas interpretações. Para uns, a palavra deriva do nome da ilha de Tabago, para outros, da região mexicana de Tabasco.
Estudos mais profundos demonstram que a palavra provém do instrumento que os naturais empregavam para queimar a erva e que, por desconhecimento da língua nativa, os espanhóis transferiram o termo para a planta. Mais tarde, Pedro Alvares Cabral encontraria no Brasil a mesma planta, a que os nativos chamavam “patúm ou “petúm”.
O tabaco, ou as folhas da planta Nicotiana Tabacum, veio da península se Iucatão, no México, para a Europa em 1558, trazida pelos primeiros exploradores do Novo Mundo e popularizada em França por Jean Nicot (1530-1600), na altura representante do rei de França em Portugal. As primeiras plantas de tabaco foram introduzidas em Inglaterra em 1570 por Sir Walter Raleigh. Os primeiros fumadores de tabaco, incluindo o próprio Sir Walter, usavam cachimbo, e este hábito manteve-se na Europa durante mais um século.
Os charutos, que tiveram a sua origem na colónia espanhola de Cuba, divulgaram-se em Espanha no princípio do século XVIII. Charutos de tabaco importado de Cuba começaram a ser fabricados na cidade espanhola de Sevilha a partir de 1717.

sábado, 25 de julho de 2009

Do passado ao presente.

Ainda que o tabaco seja cultivado nos países quentes, alguns países europeus importam a planta e manufacturam-na, caso da Holanda, Bélgica, Alemanha e Espanha.Há cintas de charuto alusivas a clubes, associações, propaganda comercial, onomástica, comemorações...De entre as séries (grupo mais ou menos grande, de motivo, forma e tamanho iguais),são vários os temas tratados: Fauna (animais pré-históricos, animais selvagens, cavalos, cães, gatos, peixes, pássaros, borboletas, insectos);
Flora (flores das mais variadas culturas, cogumelos, plantas, frutos); Pinturas (Van Gogh, Goya, Rubens, Rembrandt. Renoir); Transportes, Desportos, Bandeiras, Vistas, Retratos (Reis, presidentes, políticos, pintores, compositores, inventores, literatos, mulheres célebres, estrelas de cinema).Não faltam, em Vitolfilia, as historias — "O Capuchinho Vermelho" ,"Alice no País das Maravilhas", "O Lobo e as sete ovelhas" ...Outros temas tratados são: Historia dos Estados Unidos da América, a conquista do espaço (desde Ícaro a chegada à Lua), D.Quixote de Ia Mancha, Prémios Nobel de Medicina e Física e Química, Paz e Literatura.Existem clubes onde os coleccionadores podem trocar os duplicados e assim aumentar as suas colecções, caso das Associações Vitolfílica Espanhola e Vitolfilica Belga.

O que é a Vitolfilia ?

Dá-se o nome de vitolfilia ao coleccionismo e estudo das cintas de charuto "vitolas" e das litografias das caixas de charuto "habilitaciones". As cintas, faixas litografadas em cores e dourados, que envolvem parte da cigarrilha ou do charuto, servem para identificar as marcas ou fábricas e, consequentemente, informando a sua proveniência, funcionam como verdadeiros bilhetes de identidade. De vitola derivou vitolfilia, vitolfílico "relativo à vitolfilia", vitolfílo "coleccionador e estudioso das cintas e das litografias", vitolina "vítola grande que as empresas tabaqueiras incluem nas caixas de charuto como oferta" e vitolteca "conjunto de cintas e litografias"