quarta-feira, 30 de setembro de 2009

À volta da história da indústria de charutos do Brasil

Na época dos Descobrimentos do Brasil, o fumo fazia parte dos rituais dos índios de todas as tribos que estiveram em contacto com os portugueses. No período colonial (1500-1822), o Brasil estava limitado à produção de matéria-prima e a consumir produtos manufacturados em Portugal. Só a partir da chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro foi possível pensar numa indústria brasileira, cujo alvará de D. João VI abriu caminho ao seu desenvolvimento.

Desde então, a Bahia tem sido o berço da indústria de charutos e cigarrilhas. As duas primeiras manufacturas de charutos, ali instaladas, datam da segunda metade do século XIX – a Vieira de Mello e a Costa Ferreira & Penna, ambas em 1851. Já, em 1842, o português Francisco José Cardoso, tinha fundado em São Félix a fábrica de charutos A Juventude.

O passo gigante da história dos charutos baianos deu-se com a chegada de alemães, interessados no fabrico do fumo. No período entre 1885 e 1888, instalaram-se na Bahia as seguintes fábricas: Suerdieck, Dannemann, Stender, Jezler & Hoening, Rodenburg e Poock & Cia.

As condições climáticas da Bahia, a introdução de tecnologia e a utilização de sementes cubanas muito contribuíram para o desenvolvimento da cultura das folhas de tabaco e consequentemente a manufactura dos charutos.

Esta manufactura dos charutos era ocupada especialmente por mulheres cuja mão-de-obra era mais baixa que a dos homens. As condições económicas das mulheres, na região da Bahia, facilitou o seu processo de contratação. As necessidades quotidianas e a luta para sustentar as suas famílias, muitas delas solteiras e com filhos, terão contribuído para ultrapassar os preconceitos em relação ao trabalho fora de casa.

Porém, nessa luta pela sobrevivência, ao tornarem-se charuteiras, foram conquistando os seus espaços na profissão e na sociedade. Em algumas fábricas contribuíram para legados culturais, pois nelas nasceu o Samba de Roda. As operárias, enquanto enrolavam os charutos, entoavam cantigas e usavam as ferramentas de trabalho como percussão, de que foi exemplo a fábrica Suerdieck.

Actualmente, existem na Bahia as seguintes fábricas de charutos: Angelina, Josefina, Julien Bahia, Le Cigar e San Francisco Charutos (Cruz das Almas), Chaba (Alagoinhas), Dannemann (São Félix), Menendez & Amerino (São Gonçalo dos Campos), Talvis/Leite & Alves e Paraguaçu (Cachoeira).

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Cuba: Um pouco da história do tabaco

A história dos charutos começa muito antes da chegada de Cristóvão Colombo à ilha de Cuba, em 1492, porém, é a partir da descoberta da planta que se desenvolve a verdadeira cultura do tabaco. A produção do tabaco, em larga escala, terá começado, em 1531, em Santo Domingo(Cuba), embora a planta já fosse cultivada pelos espanhóis residentes na ilha, desde 1520. A primeira fábrica de charutos data de 1810, em Havana e no final do século XIX já existiam cento e vinte fábricas. A produção de charutos em Cuba foi estimulada em 1821 por decreto do rei Fernando VII de Espanha. Em 1840, Cuba já era a maior produtora de charutos do mundo. Em 1898, Cuba passou por uma fase política agitada que resultou na sua independência de Espanha. Nessa época, muitas famílias de charuteiros decidiram emigrar para as ilhas próximas, República Dominicana e Jamaica, onde instalaram fábricas de charutos. Também em 1959, após a revolução perpetrada por Fidel Castro, que estatizou as fábricas, muitos mestres da arte de fabricar charutos emigraram para os Estados Unidos, Honduras e Nicarágua e aí continuaram o fabrico dos “puros”. Um dos motivos que torna os charutos cubanos os melhores do mundo é o microclima da ilha, nomeadamente as características do solo, da temperatura e do ar, extremamente particulares. A província de Pinar del Rio é a maior produtora de fumo, em especial na região de Vuelta Abajo. Durante o período tecnológico e cultivo do tabaco (séc. XVII) já os especialistas avaliavam o solo e o clima de Cuba como factores determinantes da incomparável qualidade das folhas produzidas na ilha. Em 1845, Dom Jaime Partagas deu o seu próprio apelido a uma nova marca de havanos. Desde então surgiram as tradicionais marcas: H. Upmann, Romeu y Julieta, Ramon Allones, MonteCristo, Punch, Por Lorrañaga, La GlóriaCubana, José Gener, Calixto Lopex, Bock e Cia, Fonseca, José L. Piedra, El Rey Del Mundo, Davidoff, Cohiba, entre outras.