domingo, 28 de agosto de 2011

Explicando

Desde o século XIX que os charutos cubanos são os melhores do mundo. Em Cuba, a região privilegiada para a plantação de tabaco é o vale de Vuelta Abajo (Pinar del Rio), que oferece excelentes condições climáticas e de solo.


Entre as várias marcas está a Punch, criada em 1840, em Habana, por Manuel Lopez, proprietário da J. Valle & Cia. O nome da marca foi adoptado tendo em conta o mercado britânico e a revista de humor e sátira Punch (soco), que na época estava em voga.

Relativamente ao nome da revista, que serviu de adopção para a criação da marca de charutos cubanos, fora criada em 1841 por Mark Lemon e Henry Mayhew. Mais do que o humor e a sátira, a revista investia em criticas políticas e sociais, que incidiam sobre o cinismo do governo, a alta sociedade e ao modo como os trabalhadores eram tratados pelos empregadores. A primeira fase desta revista viria a terminar em finais do século XX (1992), e a segunda fase foi publicada entre 1996 e 2002.


No que se refere à marca de charutos, que ainda hoje existe, a litografia da caixa ilustra quatro momentos da produção de charutos e uma imagem de Mr Punch a fumar um charuto, acompanhado por um cão.


A marca Punch hondurenha foi originalmente manufacturada em Tampa (Florida, USA) e transferida para as Honduras em 1969.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

À descoberta da personagem


A indústria charuteira serve-se não só da temática retratista das figuras da história, da fauna e da flora, mas também das personagens dos grandes romances, ilustrações litográficas que documentam e embelezam as caixas e as cintas de charuto.

Respondendo a esses objectivos, a fábrica brasileira Suerdieck lançou no mercado interno e no alemão a marca de charutos Iracema. Trata-se de uma lenda do Ceará, escrita em 1865 por José de Alencar (1829-1877).

O romance trata, de forma poética, o amor quase impossível entre um branco, Martim Soares Moreno, colonizador português, e a bela índia Iracema, a virgem de lábios de mel e de cabelos negros. Iracema, índia da tribo dos tabajaras, era uma espécie de vestal, por guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos).


A acção inicia-se no princípio de 1604 e prolonga-se até 1611. A relação do casal serviria de alegoria para a formação da nação brasileira. A índia Iracema representaria a natureza virgem e a inocência, enquanto que o colonizador Martim (referência a Marte, deus romano da guerra) representa a cultura europeia. Do envolvimento dos dois surgirá o Brasil, representado alegoricamente pelo filho do casal, Moacir.

Iracema é um anagrama de América e, para alguns críticos, representa uma metáfora sobre a colonização americana pelos europeus.