terça-feira, 26 de julho de 2016

CINTAS DE CHARUTOS (VITOLAS): LENDA E HISTÓRIA

A essência do colecionismo de cintas de charutos (vitolfilia) é a cinta de charuto, ela própria de corpo e alma, verdadeiro ex-libris do charuto. Com o desenvolvimento da litografia, cuja invenção se deve ao checo Johann Alois Senefelder (1771-1834), foi aberto o caminho para embelezar e identificar os rótulos das caixas de charutos e os charutos. A cinta de charuto tem a sua mitologia própria.  

Sobre a lenda, diz-se que os primeiros fumadores de charutos europeus foram os dândis ingleses. Estes, apercebendo-se que as suas impecáveis luvas ficavam manchadas com a nicotina dos seus charutos, pediram aos seus criados de quarto que introduzissem um anel de papel à volta de cada charuto e o colocassem perto da extremidade do charuto que metiam na boca, a fim de evitar que as suas preciosas luvas ficassem tingidas com a fuga dos fluidos da nicotina.

Uma outra interpretação da lenda, descrita no livro All The Best in Cuba, de Sydney Clark (1890-1975), refere que as cintas de charutos têm, curiosamente, uma origem feminina já que foram confecionadas pela primeira vez em Havana, não para servir de adorno ou identificar o charuto, mas para permitir que os delicados dedos das damas espanholas da alta sociedade  não estivessem expostos ao contacto com a folha de tabaco, sempre que fumassem charutos.
Sobre a história, diz-se que o produtor cubano, de origem holandesa, estabelecido em Havana, de seu nome Gustave Antoine Bock (1837-1911), queria que os seus charutos se distinguissem dos outros, mesmo quando fora da caixa de charutos, criou a cinta que devia ser colocada ao redor de cada charuto.

Bock, quando inventou a cinta, nunca teria certamente imaginado que estava a criar um precioso anel de noivado entre o fumador e o seu charuto.
IN MEMORIAM

Na segunda metade do século XX, as fábricas de charutos espanholas, belgas, holandesas e alemãs produziram muitas séries de cintas de charutos (vitolas) para identificarem os seus charutos. A temática, diversificada, abordava figuras e factos da história mundial, a fauna e a flora, o desporto, os transportes, a pintura e a escultura, as paisagens e as bandeiras, entre outros.  

A marca holandesa Washington desenvolveu aspetos da história dos Estados Unidos da América em diversas series, com um número variável de cintas por serie, em vários formatos. A pequena série de três cintas em quatro cores, IN MEMORIAM, reproduz os retratos de J.F. Kennedy, Martin Luther King  e Robert Kennedy, personagens americanas assassinadas na década de sessenta do século XX.

John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) – Foi o 35º Presidente dos Estados Unidos (1961-1963) e é considerado uma das personagens relevante do século XX. Eleito em 1960, tornou-se o segundo mais jovem presidente depois de Theodore Roosevelt. Morreu assassinado a 22 de novembro de 1963 em Dallas (Texas). O ex-fusileiro naval Lee Harvey Oswald foi preso e acusado do assassinato, mas foi morto por Jack Ruby e por isso não foi julgado.

Martin Luther King Jr. (1929-1968). Foi um pastor protestante e ativista político. Tornou-se num dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos com uma campanha de não-violência e de amor ao próximo. Os seus esforços levaram-no à Marcha sobre Washington em 1963, onde fez o seu discurso “I have a dream”. Foi assassinado em Memphis em abril de 1968 por James Earl Rey.


Robert Francis Kennedy (1925-1968). Um dos irmãos mais novos de John Kennedy. Foi Procurador-geral e Senador dos Estados Unidos, tendo sido um dos primeiros a combater a Máfia. À data do seu assassinato, em 5 de junho de 1968, comemorava os resultados das eleições dos democratas, no Ambassador Hotel de los Angeles.