segunda-feira, 26 de outubro de 2015

OLHARES



Haverá certamente cintas de charuto, prisioneiras em gavetas, em caixas de sapatos, outras adormecidas coladas em folhas de papel, envelhecidas pela poeira do tempo, outras ainda esquecidas ou abandonadas até que a memória as descubra ou algum intruso as encontre.

Privadas da sua função, identificar e embelezar os charutos, algumas vivem na esperança dum lugar de honra no colecionismo, quiçá em participar num concurso de beleza. No entretanto, mantêm uma relação de namoro constante com o seu possuidor.

À falta de novas cintas, futuras companheiras e missionárias, as cintas que já ocupam lugar privilegiado nos classificadores, vão beneficiando dos olhares constantes de quem as protege e as admira, o colecionador.

Na descoberta da origem das cintas clássicas, reside a sua identidade, caraterizada pela antiguidade, raridade, origem, estado de conservação e traços anatómicos. Mas apesar de serem as mais procuradas e valiosas, convivem lado a lado com as mais modestas, sem preconceitos, independentemente da sua filiação e nacionalidade.

Todas são importantes na perspetiva de quem as coleciona, catalogadas numa variedade de temas, entre os quais os retratos de personagens mundiais, fauna, flora, desporto, brasões, bandeiras e barcos.

As séries marcaram uma época. Ab initio, meados do século XX, focando reis, imperadores, políticos, militares, presidentes; mais tarde, desabou uma tempestade folclórica de temáticas diversas, saídas das “maternidades” espanholas, holandesas, belgas, alemãs. Hoje, as séries estão praticamente em vias de extinção. As empresas tabaqueiras deixaram cair a sua impressão litográfica ou por falta de novos temas ou, o mais provável, por razões financeiras.