terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CONGRESSO DE VIENA


Os temas em vitolfilia são inesgotáveis. A policromia de imagens litográficas e os retratos de personagens evocam momentos políticos, sociais, literários e artísticos da história, em  perspetivas sincrónica e diacrónica.

Ernst Casimir (1573-1632) foi conde de Nassau-Dietz, filho do conde João VI de Nassau-Dillenburgh e da condessa Isabel de Leuchtenberg.

A fábrica de charutos Ernst Casimir, estabelecida em Roermond (Holanda) terá existido desde 1899, no entanto só a partir de 1962 é que começa emitir séries com mais de cinco cintas. A série Congresso de Viena, composta por 23 cintas, representa os retratos de igual número de congressistas, emitida em 1966, em formatos normal e grande, respetivamente identificados com os números de série 404 e 405.

 
O Congresso de Viena (Áustria) foi uma conferência de embaixadores das grandes potências europeias, entre 2 de maio de 1814 e 9 de junho de 1815. O objetivo da conferência foi reorganizar as fronteiras europeias, alteradas com as conquistas napoleónicas, restaurar a ordem absolutista do Antigo Regime, retomar a colonização, restaurar os tronos das famílias mais derrotadas pelas tropas de Napoleão e formar uma aliança entre os burgueses.

O Congresso foi presidido pelo estadista austríaco Klemens Wenzel von Metternich (1773-1859). Portugal esteve representado por três Ministros Plenipotenciários: D. Pedro de Sousa Holstein, conde de Palmela, António de Saldanha da Gama, diplomata destacado na Rússia, e Joaquim Lobo da Silveira, diplomata destacado em Estocolmo.  

FLASHES


Após a leitura do livro Holy Smoke (Fumo Sagrado) do escritor cubano Guillermo  Cabrera Infante (1929-2005), cotejei  algumas ideias e pensamentos.  A obra é uma celebração do tabaco, da arte de fumar e da relação entre o charuto, o cigarro e o cachimbo. Também são evocados os grandes fumadores da história, as histórias ligadas ao prazer do fumo, em jeito de narrativa, através da literatura e da arte cinematográfica.

 “Um bom fumador como um bom amante dispensa sempre bastante tempo ao seu charuto. Por isso deve fumar-se sempre em casa e nunca se deve levar o charuto a passear. Os charutos são como os gatos: feitos para o lar, degustando-os numa cómoda poltrona no inverno, diante de uma lareira acolhedora e no verão, junto a uma janela aberta.” 

Os charutos feitos à mão estão para os feitos à máquina aquilo que os livros de capa dura são para os livros de capa mole. O fumo pode ser o mesmo, mas mais bem-feitos. Um charuto feito à mão é uma arte e ainda que não tenha sido feito para cada um de nós, parece que foi.

 Em “Citizen Kane”, (O Mundo a Seus Pés) dá-se apoteose da história de amor entre um homem que corteja o seu tabaco como uma noiva, até a cinta de charuto funciona muitas vezes como um anel de noivado.
 
O alquimista islâmico Abu Musa Jabir ibn Hayyan, cujo nome latino é Geber (721-815), sugeriu que o fumo simboliza a alma a abandonar o corpo. Sacha Guitry (1885-1957) recomendava que as cinzas do charuto fossem guardadas na palma da mão antes de serem depositadas, já frias, nas profundezas do cinzeiro.

Os charutos grandes assentam bem nos homens pequenos, enquanto os cigarros são para os homens altos e o cachimbo é associado a homens medianos, de meia idade e de classe social média.

“Os cigarros são o oposto pervertido dos charutos; os charutos são compridos, os cigarros curtos; os charutos são escuros, os cigarros brancos; os charutos são grossos, os cigarros finos; os charutos têm um cheiro forte, os cigarros são perfumados; os cigarros são para os lábios, os charutos para a boca e para os dentes; os cigarros não se apagam, mas extinguem-se rapidamente, enquanto que os charutos parecem viver para sempre; os charutos são brutamontes, os cigarros são tão femininos como as jóias; os cigarros fumam-se sem parar, os charutos devem ser fumados em intervalos regulares, com todo o ócio do mundo. Os cigarros são para o instante, os charutos para a eternidade.”


sábado, 22 de junho de 2013

MONTE CRISTO


O Conde de Monte Cristo é um romance da literatura francesa escrito por Alexandre Dumas, concluído em 1844. O livro conta a história de um marinheiro, Edmond  Dantès, que foi preso injustamente por falsa acusação, em 1815. É a história de um homem bom a quem roubaram a liberdade e o amor. No cativeiro, trava amizade com o abade Faria que lhe falou de um tesouro do Cardeal Spada, na ilha de Monte Cristo. Após a fuga da prisão do Castelo d´If, Edmond Dantès, já na posse do tesouro, transforma-se no Conde de Monte Cristo e cria uma teia para se vingar dos seus inimigos, revelando-lhes o seu verdadeiro nome, quando concluía a vingança.   
Esta história fascinava os torcedores (operários) que ouviam o reconto deste romance, Entre outros clássicos da literatura, por um leitor, que os ajudava a superar a dura jornada de trabalho.
A escolha da marca de charutos Montecristo terá sido ideia de um dos seus criadores, Alonso Menendez e/ou Pepe García, que impressionado(s) pela obra os criou em 1935, então proprietários da fábrica H. Upmann, com tabaco procedente da região de Vuelta Abajo (Pinar del Rio).
Após a tomada do poder em Cuba por Fidel Castro e a consequente nacionalização da indústria tabaqueira, Menendez e García emigraram. Todavia, apesar da versão com o mesmo nome ser fabricada na República Dominicana, charutos produzidos na Fábrica La Romana da Tabacalera de García, para venda nos Estados Unidos, a empresa cubana Habanos, S.A. deu continuidade à marca e apresentou recentemente dois novos charutos – Monte Cristo Petit nº 2 e Monte Cristo Double Edmondo, no último Festival del Habano. A nova cinta apresenta elementos em relevo e acrescenta o bronze na Flor de Lis e nos relevos laterais. 

 
 

MIGRAÇÔES / IMIGRANTES


Já se sabe que a planta de tabaco foi cultivada pela civilização Maia, na América Central e que os primeiros habitantes de Cuba, os índios Taino, fumavam “charutos” feitos insipidamente com umas folhas de tabaco, em forma de rolo.

A viagem de Cristóvão Colombo em 1492 e a consequente descoberta de várias ilhas foi seguida pela ocupação de conquistadores espanhóis. Durante os feitos militares, esses conquistadores encontraram os nativos a fumar a folha de tabaco, a mascá-la e a usá-la como rapé. Esta prática foi adotada pelos marinheiros e conquistadores, os quais trouxeram a planta do tabaco para a Europa.

Também se sabe que em Cuba, em meados do século XIX, existiam cerca de dez mil plantações e mais de mil fábricas de charutos e que a região de Vuelta Abajo de Pinar del Rio favorece condições climáticas e de solo perfeitas para a cultura do tabaco, em especial tabaco para charutos;

Após a independência de Cuba, em 1902, verificou-se uma forte corrente imigratória. Também em 1959, após a revolução de Fidel Castro, muitos produtores de tabaco e de charutos fugiram para outros países, nomeadamente para as Ilhas Canárias, República Dominicana, Honduras, Nicarágua e Estados Unidos.
Várias gerações de cubanos deram assim continuidade ao cultivo de tabaco e à manufatura de charutos: Pepe Garcia, Emílio Menendez, Perdomo, Oliva, Camacho, Plasencia, Toraño, Padrón, e Quesada  são alguns dos famosos e atuais produtores de charutos.

Durante décadas, Cuba manteve a hegemonia charuteira; hoje já não é bem assim. A República Dominicana, a Nicarágua, as Honduras e o Brasil já rivalizam com Cuba, mercê dos conhecimentos dos imigrantes cubanos.   

segunda-feira, 8 de abril de 2013

OTTO VON BISMARCK


BISMARCK, Otto Leopold Eduard  Von (1815-1898). Estadista alemão, é o responsável pela unificação alemã. Nasceu em Schonhausen, na Prússia, filho de um do fazendeiro Karl Wihelm von Bismarck e da burguesa Wilhermine Luise Mencken.

Quando primeiro-ministro do reino da Prússia, (1862-1890), unificou a Alemanha, depois de uma série de guerras, tornando-se o primeiro chanceler do Império Alemão (1871-1890). Chanceler de ferro, foi o estadista mais importante da Alemanha do século XIX, ficando conhecido como o Napoleão alemão.

A política de Bismarck pautou-se pelo nacionalismo e pelo militarismo. Como ministro da Prússia, provocou guerras contra a Dinamarca, a Áustria e a França. Em 1871, foi considerado  um  herói  e nomeado príncipe e chanceler imperial do Reich.

Implementou várias reformas administrativas internas, criou uma moeda comum para todo o estado, instituiu um banco central e promulgou um código civil e um código comercial  comum a toda a Alemanha. 
 
Em 1890, o seu poder começou a declinar em virtude de crescentes divergências com o novo Kaiser, Guilherme II, que levaram o chanceler a demitir-se.  Na  última etapa da sua vida, afastado de toda a atividade política, Bismarck dedicou-se a redigir as suas memórias.
 

 Tratando-se de uma figura pública muito importante, é natural que as várias fábricas de tabaco, especialmente cubanas e mexicana s tenham utilizado a sua imagem para vender os seus charutos.
Foram várias as marcas cubanas que utilizaram a imagem do estadista alemão nas cintas de charutos, por exemplo: Partagás & Cia, Romeo y Julieta,

Entre as fábricas mexicanas que reproduziram a fotografia do chanceler alemão estão La Rica Hoja, Andres Corrales, A. Blanco, La Esperanza.

AS SÉRIES CLÁSSICAS


 

 
AS SÉRIES CLÁSSICAS
 
Entre as séries de cintas de charuto, merecem destaque as chamadas séries clássicas, emitidas num período áureo da vitolfilia. Apesar das dificuldades em descobrir a origem e datar o aparecimento dessas séries, a verdade é que tem sido um trabalho titânico dos aficionados pela vitolfilia, na procura de dados suficientes para uma identificação credível. Nesta perspetiva, cabe aos vitolfilistas espanhóis e belgas o privilégio do estudo e catalogação de muitas das séries, através de um trabalho de investigação séria, permitindo classificar e reconhecer a legitimidade das cintas.
 
 
O classicismo das séries carateriza-se pela antiguidade, raridade, beleza e temática das cintas antigas, tendo como suporte uma litografia de qualidade, onde predomina o “pan de oro” . Neste sentido, merecem referência as séries das marcas de Cuba (La Corona, Equador, La Flor de Cano, Piedra, Vergara), do México (La Perla, La Rica Hoja, la Violeta), das Canarias (La Fama, Peñamil, Rosas de España) dos Estados Unidos (Leder, Novelty), da Bélgica (Henry Hachès’s, Princeps), da Holanda (Washington).
 
 
 
 
Nas primeiras duas décadas do século XX, as empresas litográficas alemãs Hermann Schott e G.K. foram responsáveis pela emissão de várias séries de cintas de charuto, especialmente de temática militar, presidentes e personagens das casas reais europeias, cintas encomendadas por várias fábricas tabaqueiras.