Com o aparecimento e difusão das cintas de charuto, formaram-se grupos e/ou associações regionais e nacionais com a finalidade de troca, quiçá compra e venda, pesquisa e estudo de tudo o que se relaciona com a origem e desenvolvimento da produção vitolfílica. Em relação às associações a nível nacional, cito as de maior projecção e notoriedade na Europa: “Asociacíon Vitolfílica Española” (AVE), fundada em Toledo no ano de 1949 e a “Association Vitolphile Belge” (AVB), fundada em 1952. Na vizinha Espanha, proliferam os grupos e associações vitolfílicos.
Os grupos vitolfílicos têm um papel relevante a nível regional porque, estando mais perto dos coleccionadores, permitem um maior envolvimento destes, ao mesmo tempo que prestam ajuda no que diz respeito ao “mundo” Vitolfílico. Cito entre outros, o Grupo Vitolfílico de Barcelona .
A título informativo passo a transcrever o primeiro artigo (traduzido) do regulamento da AVE, no sentido de se compreender os seus objectivos. “Artigo 1º- Esta associação tem como objectivo agrupar os coleccionadores de cintas de charuto, sem distinção de sexo nem de idade, proporcionar-lhes que façam os seus intercâmbios ou aquisições com o maior rendimento e menor gasto possíveis, facilitar as trocas com outros coleccionadores estrangeiros. Esta associação publica seis revistas anualmente, que envia a todos os sócios. Entre os vários assuntos tratados, cintam-se os artigos informativos/formativos, as origens do tabaco, os pioneiros da indústria tabaqueira, o aparecimento de novas cintas, artigos sobre como ordenar um colecção, os concursos exposições, os novos catálogos e a actividade dos grupos.”
terça-feira, 28 de julho de 2009
domingo, 26 de julho de 2009
A Vitolteca Portuguesa
A indústria tabaqueira portuguesa, no que se refere às cintas de charuto, é paupérrima, tendo em conta as cintas emitidas pelas fábricas - Companhia dos Tabacos de Portugal, Companhia Portuguesa de Tabacos e Tabaqueira. Também as fábricas açorianas – Fábrica de Tabaco Estrela e Fábrica de Tabaco Micaelense identificaram os seus charutos com muito poucas cintas.
Ao contrário do que aconteceu em várias fábricas tabaqueiras da Europa e da América, que reproduziram copiosamente retratos de reis e políticos, escritores e homens da ciência, músicos e personagens romanas, a fauna e a flora, o desporto e os transportes, as bandeiras e a religião, as histórias infantis e a moda, as empresas tabaqueiras portuguesas não souberam aproveitar a riqueza da nossa história, política, social e económica divulgando temáticas tão ricas através das cintas de charuto.
Por outro lado, sabe-se da existência de cintas de charuto, mandadas emitir por alguns importadores de charutos portugueses, cintas que ornavam os charutos que ofereciam aos seus clientes, caso das firmas Dias & Costa, Pereira & Cia, Casa Havaneza, Manuel V. Nunes, Gaspar Carmo & Irmão, Tabacaria Americana, entre muitas, embora sem o cuidado de desenvolvimento de algum tempo específico.
Todavia, há conhecimento da circulação de um série de quatro cintas, denominada Republicanos Portugueses - Afonso Costa, Alexandre Braga, João de Menezes e António José de Almeida, emitida em 1914, ignorando-se o nome da fábrica que as pôs em circulação e da litografia que as confeccionou.
Ao contrário do que aconteceu em várias fábricas tabaqueiras da Europa e da América, que reproduziram copiosamente retratos de reis e políticos, escritores e homens da ciência, músicos e personagens romanas, a fauna e a flora, o desporto e os transportes, as bandeiras e a religião, as histórias infantis e a moda, as empresas tabaqueiras portuguesas não souberam aproveitar a riqueza da nossa história, política, social e económica divulgando temáticas tão ricas através das cintas de charuto.
Por outro lado, sabe-se da existência de cintas de charuto, mandadas emitir por alguns importadores de charutos portugueses, cintas que ornavam os charutos que ofereciam aos seus clientes, caso das firmas Dias & Costa, Pereira & Cia, Casa Havaneza, Manuel V. Nunes, Gaspar Carmo & Irmão, Tabacaria Americana, entre muitas, embora sem o cuidado de desenvolvimento de algum tempo específico.
Todavia, há conhecimento da circulação de um série de quatro cintas, denominada Republicanos Portugueses - Afonso Costa, Alexandre Braga, João de Menezes e António José de Almeida, emitida em 1914, ignorando-se o nome da fábrica que as pôs em circulação e da litografia que as confeccionou.
As litografias
Os rótulos ou litografias, além de embelezarem as caixas de charutos, servem, em primeiro lugar, para identificar a marca e a fábrica que produz o charuto. Estas litografias são de grande interesse para os coleccionadores, pois as suas ilustrações, multicoloridas, apresentam técnicas de impressão diversificadas. Muitos desses rótulos, gravados a ouro em baixo-relevo , podem atingir um preço elevado, de acordo com a sua raridade, antiguidade e estado de conservação. A temática é variada, com especial relevância para os retratos de monarcas e outras personalidades ligadas ao consumo de charutos.
Em 1845, Ramón Allones foi o primeiro tabaqueiro a ornamentar as caixas de charutos com rótulos. À volta 1875, os rótulos começaram a ser impressos com dourados. A partir 1885 apareceram os primeiros rótulos litografados com dourados e perfeitos relevos. O dourado destes rótulos era de “pan de oro” de vários quilates.
A arte de realizar e imprimir rótulos para caixas de charutos alcançou uma grande perfeição em Cuba. Assim, paralelamente à indústria tabaqueira nascia a indústria litográfica que teve muito impacto na ornamentação destas caixas. As imprensas europeias, respondendo as exigências das indústrias cubana e mexicana, ampliam o seu raio de acção a todos os mercados tabaqueiros como Espanha, Bélgica, Alemanha, Estados - Unidos e Filipinas. A Alemanha foi sem dúvida o reino da litografia especialmente no período à Primeira Guerra Mundial. Destacou-se a empresa Gebruder Klingenberg (G.K), cujo prestígio chegou a competir com as empresas litográficas dos Estados - Unidos; uma referência especial para a empresa litográfica Hermann Schott (H.S.)
Em 1845, Ramón Allones foi o primeiro tabaqueiro a ornamentar as caixas de charutos com rótulos. À volta 1875, os rótulos começaram a ser impressos com dourados. A partir 1885 apareceram os primeiros rótulos litografados com dourados e perfeitos relevos. O dourado destes rótulos era de “pan de oro” de vários quilates.
A arte de realizar e imprimir rótulos para caixas de charutos alcançou uma grande perfeição em Cuba. Assim, paralelamente à indústria tabaqueira nascia a indústria litográfica que teve muito impacto na ornamentação destas caixas. As imprensas europeias, respondendo as exigências das indústrias cubana e mexicana, ampliam o seu raio de acção a todos os mercados tabaqueiros como Espanha, Bélgica, Alemanha, Estados - Unidos e Filipinas. A Alemanha foi sem dúvida o reino da litografia especialmente no período à Primeira Guerra Mundial. Destacou-se a empresa Gebruder Klingenberg (G.K), cujo prestígio chegou a competir com as empresas litográficas dos Estados - Unidos; uma referência especial para a empresa litográfica Hermann Schott (H.S.)
A criação das Cintas de Charuto
Com o crescimento da indústria tabaqueira no princípio do século XX, criaram-se novas medidas de charutos, denominadas vitola. Assim, a primeira noção de vitola é a de medida (bitola), vocábulo que passaria, mais tarde, a significar a cinta que envolve o charuto e o identifica, ao mesmo tempo, quanto à sua origem e marca do fabricante.
Sobre a origem das cintas de charuto diz-se que o seu aparecimento se deve ao facto dos fumadores, nomeadamente do sexo feminino, poderem proteger das manchas de nicotina. Tendo em conta que foi na ilha de Cuba que, pela primeira vez, os europeus viram fumar a planta de tabaco e que, noutro momento, a ilha viveu um período áureo de industrialização de charutos, é credível que alguém tenha inventado as cintas de charuto que, como verdadeiro documento de identificação defendiam a indústria local.
Há quem atribua a Gustave Bock, holandês radicado em Cuba e explorador de uma plantação de tabaco, a invenção da cinta de charuto. Atribui-se-lhe também a autoria do livro “Arte de fumar o charuto”.
Mercê de um cuidado trabalho de pesquisa em manuscritos e informações dos naturais de Cuba, foi possível datar o aparecimento das primeiras cintas nos anos de 1825 e 1826. Primeiramente como simples cintas de papel, depois com inscrições alusivas ao fabricante ou à marca. A pouco e pouco foram-se introduzindo as cores, os dourados, ou motivos, os retratos. Cada charuto passou a ter a sua cinta com a sua identificação personalizada.
Sobre a origem das cintas de charuto diz-se que o seu aparecimento se deve ao facto dos fumadores, nomeadamente do sexo feminino, poderem proteger das manchas de nicotina. Tendo em conta que foi na ilha de Cuba que, pela primeira vez, os europeus viram fumar a planta de tabaco e que, noutro momento, a ilha viveu um período áureo de industrialização de charutos, é credível que alguém tenha inventado as cintas de charuto que, como verdadeiro documento de identificação defendiam a indústria local.
Há quem atribua a Gustave Bock, holandês radicado em Cuba e explorador de uma plantação de tabaco, a invenção da cinta de charuto. Atribui-se-lhe também a autoria do livro “Arte de fumar o charuto”.
Mercê de um cuidado trabalho de pesquisa em manuscritos e informações dos naturais de Cuba, foi possível datar o aparecimento das primeiras cintas nos anos de 1825 e 1826. Primeiramente como simples cintas de papel, depois com inscrições alusivas ao fabricante ou à marca. A pouco e pouco foram-se introduzindo as cores, os dourados, ou motivos, os retratos. Cada charuto passou a ter a sua cinta com a sua identificação personalizada.
Como tudo começou
O tabaco ou cohiva, segundo a denominação indígena é uma planta de pouco mais ou menos um metro de altura, de grandes folhas em forma de lança e flores vermelho-púrpura
Esta planta, que tanta reputação tem dado a Cuba, foi descoberta por Rodrigo de Jerez e Luís Torres, em 31 de Outubro de 1492, quando regressavam da entrega de uns presentes, enviados por Cristóvão Colombo, da parte dos seus soberanos, ao cacique de uma povoação chamada pelos indígenas de “Caonao”.
Os indígenas de Cuba saboreavam estas folhas enroladas, muito antes da chegada de Cristóvão Colombo. Também as empregavam como cataplasmas curativas e os sacerdotes da ilha aspiravam o fumo do tabaco a fim de prognosticar o êxito ou o fracasso das guerras. Os espanhóis, logo que chegaram à ilha, fomentaram o cultivo da planta, regulamentado pela Lei de Outubro de 1611.
Sobre a origem da palavra tabaco tem havido diversas interpretações. Para uns, a palavra deriva do nome da ilha de Tabago, para outros, da região mexicana de Tabasco.
Estudos mais profundos demonstram que a palavra provém do instrumento que os naturais empregavam para queimar a erva e que, por desconhecimento da língua nativa, os espanhóis transferiram o termo para a planta. Mais tarde, Pedro Alvares Cabral encontraria no Brasil a mesma planta, a que os nativos chamavam “patúm ou “petúm”.
O tabaco, ou as folhas da planta Nicotiana Tabacum, veio da península se Iucatão, no México, para a Europa em 1558, trazida pelos primeiros exploradores do Novo Mundo e popularizada em França por Jean Nicot (1530-1600), na altura representante do rei de França em Portugal. As primeiras plantas de tabaco foram introduzidas em Inglaterra em 1570 por Sir Walter Raleigh. Os primeiros fumadores de tabaco, incluindo o próprio Sir Walter, usavam cachimbo, e este hábito manteve-se na Europa durante mais um século.
Os charutos, que tiveram a sua origem na colónia espanhola de Cuba, divulgaram-se em Espanha no princípio do século XVIII. Charutos de tabaco importado de Cuba começaram a ser fabricados na cidade espanhola de Sevilha a partir de 1717.
Esta planta, que tanta reputação tem dado a Cuba, foi descoberta por Rodrigo de Jerez e Luís Torres, em 31 de Outubro de 1492, quando regressavam da entrega de uns presentes, enviados por Cristóvão Colombo, da parte dos seus soberanos, ao cacique de uma povoação chamada pelos indígenas de “Caonao”.
Os indígenas de Cuba saboreavam estas folhas enroladas, muito antes da chegada de Cristóvão Colombo. Também as empregavam como cataplasmas curativas e os sacerdotes da ilha aspiravam o fumo do tabaco a fim de prognosticar o êxito ou o fracasso das guerras. Os espanhóis, logo que chegaram à ilha, fomentaram o cultivo da planta, regulamentado pela Lei de Outubro de 1611.
Sobre a origem da palavra tabaco tem havido diversas interpretações. Para uns, a palavra deriva do nome da ilha de Tabago, para outros, da região mexicana de Tabasco.
Estudos mais profundos demonstram que a palavra provém do instrumento que os naturais empregavam para queimar a erva e que, por desconhecimento da língua nativa, os espanhóis transferiram o termo para a planta. Mais tarde, Pedro Alvares Cabral encontraria no Brasil a mesma planta, a que os nativos chamavam “patúm ou “petúm”.
O tabaco, ou as folhas da planta Nicotiana Tabacum, veio da península se Iucatão, no México, para a Europa em 1558, trazida pelos primeiros exploradores do Novo Mundo e popularizada em França por Jean Nicot (1530-1600), na altura representante do rei de França em Portugal. As primeiras plantas de tabaco foram introduzidas em Inglaterra em 1570 por Sir Walter Raleigh. Os primeiros fumadores de tabaco, incluindo o próprio Sir Walter, usavam cachimbo, e este hábito manteve-se na Europa durante mais um século.
Os charutos, que tiveram a sua origem na colónia espanhola de Cuba, divulgaram-se em Espanha no princípio do século XVIII. Charutos de tabaco importado de Cuba começaram a ser fabricados na cidade espanhola de Sevilha a partir de 1717.
sábado, 25 de julho de 2009
Do passado ao presente.
Ainda que o tabaco seja cultivado nos países quentes, alguns países europeus importam a planta e manufacturam-na, caso da Holanda, Bélgica, Alemanha e Espanha.Há cintas de charuto alusivas a clubes, associações, propaganda comercial, onomástica, comemorações...De entre as séries (grupo mais ou menos grande, de motivo, forma e tamanho iguais),são vários os temas tratados: Fauna (animais pré-históricos, animais selvagens, cavalos, cães, gatos, peixes, pássaros, borboletas, insectos);
Flora (flores das mais variadas culturas, cogumelos, plantas, frutos); Pinturas (Van Gogh, Goya, Rubens, Rembrandt. Renoir); Transportes, Desportos, Bandeiras, Vistas, Retratos (Reis, presidentes, políticos, pintores, compositores, inventores, literatos, mulheres célebres, estrelas de cinema).Não faltam, em Vitolfilia, as historias — "O Capuchinho Vermelho" ,"Alice no País das Maravilhas", "O Lobo e as sete ovelhas" ...Outros temas tratados são: Historia dos Estados Unidos da América, a conquista do espaço (desde Ícaro a chegada à Lua), D.Quixote de Ia Mancha, Prémios Nobel de Medicina e Física e Química, Paz e Literatura.Existem clubes onde os coleccionadores podem trocar os duplicados e assim aumentar as suas colecções, caso das Associações Vitolfílica Espanhola e Vitolfilica Belga.
Flora (flores das mais variadas culturas, cogumelos, plantas, frutos); Pinturas (Van Gogh, Goya, Rubens, Rembrandt. Renoir); Transportes, Desportos, Bandeiras, Vistas, Retratos (Reis, presidentes, políticos, pintores, compositores, inventores, literatos, mulheres célebres, estrelas de cinema).Não faltam, em Vitolfilia, as historias — "O Capuchinho Vermelho" ,"Alice no País das Maravilhas", "O Lobo e as sete ovelhas" ...Outros temas tratados são: Historia dos Estados Unidos da América, a conquista do espaço (desde Ícaro a chegada à Lua), D.Quixote de Ia Mancha, Prémios Nobel de Medicina e Física e Química, Paz e Literatura.Existem clubes onde os coleccionadores podem trocar os duplicados e assim aumentar as suas colecções, caso das Associações Vitolfílica Espanhola e Vitolfilica Belga.
O que é a Vitolfilia ?
Dá-se o nome de vitolfilia ao coleccionismo e estudo das cintas de charuto "vitolas" e das litografias das caixas de charuto "habilitaciones". As cintas, faixas litografadas em cores e dourados, que envolvem parte da cigarrilha ou do charuto, servem para identificar as marcas ou fábricas e, consequentemente, informando a sua proveniência, funcionam como verdadeiros bilhetes de identidade. De vitola derivou vitolfilia, vitolfílico "relativo à vitolfilia", vitolfílo "coleccionador e estudioso das cintas e das litografias", vitolina "vítola grande que as empresas tabaqueiras incluem nas caixas de charuto como oferta" e vitolteca "conjunto de cintas e litografias"
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