quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Homenagens/ Referências

BOLIVAR - marca que homenageia o general e político latino-americano Simon Bolívar (1783-1830), líder do movimento que resultou na independência da Venezuela, Colômbia e Equador.

DONA FLOR - marca produzida pela fábrica brasileira Menendez & Amerino, representando uma homenagem à personagem da obra “Dona Flor e os Seus Dois Maridos”, do escritor Jorge Amado (1912-2003).

GABRIELA - marca da fábrica Menendez & Amerino, representando o nome da personagem do romance de Jorge Amado, “Gabriela Cravo e Canela”.
MONTECRISTO - marca de charutos da fábrica H. Upmann, cujos proprietários foram Menendez, Garcia & Cia. O nome foi inspirado no livro de Alexandre Dumas (1803-1870), o “Conde de Monte Cristo”, escrito em 1844.

PUNCH - marca criada em 1840, em Havana, por Manuel Lopez, proprietário de J. Valle y Cia. À época, estava na moda no Reino Unido a revista humorística do mesmo nome, cuja personagem, Mr. Punch, continua aparecendo, com um charuto na mão, nas litografias das caixas de charutos.

QUITÉRIA - marca que homenageia Maria Quitéria (1792-1853), heroína da Bahia, que disfarçada de homem se alistou como soldado voluntário, nas guerras pela independência do Brasil.

ROMEU Y JULIETA - marca cubana que reproduz o famoso casal de amantes de Verona, que cometeu o suicídio para escapar ao ódio entre as duas famílias, tragédia escrita por William Shakespeare (1564-1616).

SANCHO PANZA - marca que representa o fiel escudeiro de “Don Quijote de la Mancha”, obra do escritor espanhol Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616).

VASCO DA GAMA - marca de charutos fabricados na Alemanha, pertencentes `multinacional sueca Swedich Match, representando o navegador português (1468-1524), descobridor do caminho marítimo para a Índia.

A Temática Vitolfílica

As fábricas de tabaco, em especial os fabricantes de charutos, souberam usar as tecnologias litográficas para os seus produtos tabaqueiros, numa iniciativa de marketing e por necessidade imperativa de identificação das marcas e fábricas, preservando-as das fraudes.

Porém, o que se verificou na prática, para além dessa funcionalidade, foi a proliferação de séries de cintas, de temas diversos, e a consequente venda desmedida de charutos, sem que para isso se alterasse a qualidade do produto final – ocharuto.

Refiro-me concretamente às séries infindáveis, que desenvolvendo uma vastíssima temática, reproduzem retratos de políticos, pinturas e pintores, flora e fauna, desporto e moda, bandeiras e transportes, histórias infantis (o Capuchinho Vermelho, o Gato de Botas, Tintin e Milú, Pinóquio, Alice no País das Maravilhas, a Casa de Chocolate), religião, enfim, mil e uma cores em tamanhos pequenos, médios e grandes, à procura de namorar os coleccionadores.

No vastíssimo vitolário europeu, para além das cintas referidas, existem outras que documentam um nome, uma empresa, um produto, uma efeméride, um clube, um casamento, um baptizado, algumas confeccionadas em papel autocolante e em fracas purpurinas.

As chamadas cintas “clássicas”, engalanadas em “pan de oro”, reproduzindo personagens, cujos feitos ficarão na memória dos vindouros, desfile interminável de reis, presidentes, homens de estado, conquistadores, inventores, marinheiros, militares, músicos, e as
mulheres de pompa e circunstância, representam “as meninas dos olhos” dos coleccionadores.

Cogito, ergo sum



* “O tabaco é a planta que transforma pensa-
mentos em sonhos”
Victor Hugo (1802-1885)
* “Um charuto entorpece o desgosto e enche as horas solitárias com um milhão de imagens agradáveis” George Sand (1804-1876)

* “Não me peçam para descrever os encantos do devaneio ou o êxtase contemplativo em que o fumo de um charuto nos mergulha” Jules Sandeau (1811-1883)

* “Do que este país necessita é um bom charuto de cinco cêntimos”
Thomas Marchall
(Vice-Presidente USA, 1919)

* “Se não puder fumar no céu, então não irei para lá”
Mark Twain (1835-1910)
* “ Uma mulher é apenas uma mulher, mas um bom charuto é um Charuto”
Rudyard Kipling (1865-1936)

* “ O coração e o charuto são símbolos um do outro; ambos se queixam e se desfazem em cinzas”
Machado de Assis (1839-1908)

* “Se o nascimento de um génio se assemelha ao de um idiota, o fim de um Havana Corona assemelha-se a um charuto de cinco cêntimos”

Sacha Guitry (1885-1957)

* “ Um charuto não é um hábito é um estilo”
Gerhard Dannemann (1850-1921)

* “ Meu caro, fumar é dos maiores e mais baratos prazeres da vida, e se á partida decidires não fumar, só poderei lamentar-te”
Sigmund Freud (1856-1939)

* “ Mais vale um charuto sem refeição do que uma refeição sem charuto”
( Anónimo)

* “ Se uma mulher conhecer as preferências de um homem, incluindo a sua preferência em matéria de charutos, e se um homem souber do que gosta uma mulher, estarão ambos convenientemente apetrechados para se enfrentarem”
Colette (1873-1954)

* “ Bebo muito, quase não durmo e fumo um charuto atrás de outro. É por isso que estou duzentos por cento em boas condições físicas e mentais”
Winston Churchill (1874-1965)

* “ O fumo é um óptimo companheiro para a solidão de um soldado”
Che Guevara (1928-1967)

* “ Se nos esquecermos de uma deixa, tudo o que há a fazer é enfiar um charuto na boca e puxar umas fumaças até que nos lembremos do que nos tínhamos esquecido”
Grouxo Marx (1890-1977)

domingo, 8 de novembro de 2009

Os Contributos Temporais


Os principais promotores de charutos na Europa foram os espanhóis. As estreitas relações que mantinham com os países da América Central e Sul, controlados por Espanha, abriram caminho à degustação de charutos.

Cuba era o espaço privilegiado para o cultivo de tabaco para charutos, devido ao solo, ao clima e à tradição de enrolar os charutos. Em 1821, o rei Ferdinando VII, de Espanha
, decretou que a produção de charutos em Cuba deveria ser expandida e controlada, uma vez que o hábito de fumar já se tinha afirmado em França e Inglaterra.

O Rei Edward VII, de Inglaterra, era um fã incontrolável de charutos. As suas palavras “Cavalheiros, os senhores devem fumar” contribuíram para o hábito de fumar charutos em todo o território britânico. Muitas personalidades têm vindo a tornarem-se fãs dos charutos e algumas emprestam o seu nome à marca de que é exemplo Sir Winston Churchill, de quem se diz ter fumado cerca de trezentos mil durante a sua vida.

Outro estadista que terá tido influência sobre o acto de fumar foi o presidente John F. Kennedy, grande apreciador de charutos cubanos. Todavia, em 1961, depois do fiasco da Baía dos Porcos, assinou uma declaração de embargo a toda e qualquer relação comercial entre os Estados Unidos e Cuba. Face a esta situação, outros países produtores de charutos como o Brasil, República Dominicana, Honduras, Nicarágua e México aproveitaram para ocupar o lugar de Cuba.
Algumas das personalidades fumadoras de charutos foram os actores Charles Chaplin, Groucho Marx, B
ill Crosby, Eduard G. Robinson, Arnold Schwarzenegger; os escritores Somerset Maugham, Rudiard Kipling, Mark Twin, Óscar Wilde; os cientistas Albert Einstein, Sigmund Freud; os políticos Ulisses S. Grant, Otto Von Bismarck, Eduard VII, Farouk, Fidel Castro,
Che Guevara.

A explicação filosófica para a degustação ou o prazer de fumar charutos pode ser entendida do seguinte modo: Platão sugeriu que considerássemos a alma como sendo dividida em três partes: a vegetativa sensorial, a espiritual ou sensitiva e a racional, correspondendo cada uma das três categorias aos desejos humanos – o desejo da satisfação dos apetites físicos, o desejo do reconhecimento pelos outros e o desejo de conhecer a verdade.

Considerando a relação que existe entre o consumo do tabaco e a alma humana, podemos tomar como ponto de partida os três processos mais comuns de fumar cigarros, charutos e cachimbo. Os cigarros correspondem à parte vegetativa (o apetite sensorial); os charutos à parte espiritual sensitiva da alma, explicado pela procura da honra, reputação e ambição; o cachimbo à parte racional da alma.

México : a nascente

O extenso vitolário de marcas mexicanas não permite, aqui e agora, porque o espaço é curto e o tempo breve, um exaustivo estudo descritivo das fábricas e marcas antigas que, devido às perturbações políticas e revoluções constantes, aconteceu no México, nas duas primeiras décadas do século XX. Algumas fábricas foram saqueadas e incendiadas pelo que se perdeu bastante material vitolfílico em depósito. Todavia, o que sobreviveu, consideradas cintas clássicas, tem preços altos no mercado vitolfílico. Estão neste caso as marcas La Rica Hoja, La Violeta, La Perla, Balsa Hermanos, André Corrales, Bernabé Garcia, El Destino, La Família, La Rosa de Oro, Agustin Blanco, La Prueba, entre outras.

Mas, recuperando o tempo, refira-se que a Península de Yucatán é, provavelmente, o local de dá origem ao cultivo do tabaco. Os povos nativos terão sido os primeiros a plantar e a fumar tabaco. Alguns investigadores afirmam que os índios Tainos, do Caribe, já fumavam folhas há dois mil anos, costume que foi seguido pelos Maias da América Central. Esta civilização floresceu no século IV d. C., desenvolveu-se na Península de Yucatán, Honduras e Guatemala, dependia economicamente da agricultura que, para além do milho, cultivava o tabaco, cujo fumo era utilizado em rituais e cerimónias.
Uma relíquia datada do século X, descoberta em território da Guatemala, mostra um Maia fumando folhas juntas por um fio de barbante amarradas em forma de rolo. O povo Maia adquiriu um grau de evolução no que se refere ao conhecimento da matemática e da astrologia, acreditavam que o destino do homem era regido pelos deuses, a quem ofereciam alimentos, sacrifícios humanos e animais.

Nos temas abordados pelas marcas charuteiras mexicanas para embelezar e identificar os charutos, destacam-se os retratos de políticos e homens de estado – Porfírio Diaz, Francisco Madero, Limantour, Miguel Hidalgo, Mondragon, José Canalejas, Benito Juarez; uma referência especial ”Muñeca” de Andrés Corrales.

Das marcas actuais de charutos feitos à mão, salienta-se os Te-Amo, Matacan, Santa Clara e Veracruz. A família Turrent, envolvida na cultura do tabaco há cinco gerações, é o maior fabricante de charutos do México. O primeiro Alberto Turrent emigrou de Espanha para o México em 1880, onde estabeleceu fazendas de tabaco no vale de San Andrés, no sudoeste de Veracruz.