sábado, 18 de fevereiro de 2012

Rómulo e Remo

A temática mitológica tem sido tratada pelas fábricas tabaqueiras através dos retratos de deuses e deusas A título de exemplo, aqui fica um pouco da história dos irmãos gémeos, Rómulo e Remo, figuras mitológicas, filhos de Marte (deus da guerra) e da vestal Reia Sílvia, esta descendente de Eneias, um dos heróis de Tróia. Segundo a lenda romana, Amúlio, tio da mãe, tê-los-á lançado ao rio Tibre, dentro de um cesto. Depositados pelas águas junto do Monte Palatino, foram alimentados por uma loba, enviada por Marte, e depois encontrados pelo pastor Fáustulo que os confia aos cuidados de sua esposa, Aca Larência.



Mais tarde, conhecida a sua origem, fundaram a cidade de Roma em 753 a.C., no lugar onde tinham sido depositados. Remo, ao criticar que as muralhas da cidade eram pouco seguras, entra em conflito com Rómulo que, ao sentir-se ofendido, o assassina. Rómulo torna-se o fundador e o primeiro rei de Roma, reinou trinta anos, mas veio a desaparecer durante uma tempestade. Segundo a lenda, tornou-se um deus sob o nome de Quirinus.

Muitas personagens da mitologia, romanas e gregas, estão representadas nas diversas vitolas, nomeadamente Nero, César, Cláudio, Pompeu, Marco António, Máximos, Cleópatra, Vénus, Ceres, Minerva, Atenas, Hera, entre outras.



Tonga

O estudo e catalogação das cintas de charuto (vitolas) abre um leque de conhecimentos, através da pesquisa alargada, que passa para além da simples identificação. Sobre a cinta representada, acreditei tratar-se de uma cinta portuguesa, embora desconhecendo concretamente a fábrica que a produziu. A informação de um coleccionador, antigo empregado da fábrica de tabaco A Tabaqueira, pareceu-me credível, daí o facto de constar no catálogo Vitolário Português, editado pelo Grup Vitolfilic de Barcelona.

Mas, vejamos o que resultou da pesquisa através do termo Tonga. O reino de Tonga é uma monarquia constitucional da Oceânia, situado na Polinésia, desde 1875, tendo-se tornado independente a partir de 1970. O arquipélago é composto por 172 ilhas e ilhotas, sendo a capital Nukualofa, na ilha de Tongatapu. As línguas oficiais são o tongalês e o inglês. O clima é tropical com duas estações distintas, a da chuva e a seca. A moeda é o paanga. A população é de cerca de cento e seis mil habitantes, cuja metade trabalha na agricultura, no cultivo da abóbora, coco, baunilha e banana. O turismo e a pesca constituem as principais fontes de receita.


Na época em que Portugal tinha províncias ultramarinas como Angola e Moçambique, existiam fábricas de tabaco em Luanda e Lourenço Marques. Em Moçambique, Tonga era o nome de uma tribo indígena e uma língua da região de Inhambane. Em Angola, o termo Tonga reportava-se a uma zona demarcada nas fazendas para desbravar. Na província ultramarina de S.Tomé, a palavra Tonga designava os descendentes dos contratados, de origem europeia, nascidos na ilha, cuja primeira geração começou a aprender o Português, falado nas roças, para fins de comunicação.


Em jeito de conclusão, parece-me viável que a cinta tenha origem numa das fábricas referenciadas ou numa das fábricas de Portugal continental.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A personagem Carmen

Carmen, ópera cómica em quatro actos do compositor francês Georges Bizet (1838-1875), com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseada na novela de Prosper Merimée (1803-1870), estreou em 1875 na Opera-Comique de Paris.

Carmen, é a cigana que usa os seus talentos de dança e canto para enfeitiçar e seduzir vários homens. D. José, cabo do exército, é um homem honesto e decente que, ao envolver-se
com Carmen, torna-se um marginal. Micaela, noiva de José, tenta resgatá-lo da vida destrutiva que ele levava com Carmen. O primeiro acto começa numa praça de Sevilha, onde existe uma fábrica de tabaco e um quartel.

A novela de Prosper Merimée (1847) narra a história de uma bela cigana infiel, que é morta pelo amante, um oficial espanhol. A personagem Carmen rouba e incita a crimes e, quando é assassinada, não tem a morte triunfal da que aparece na ópera.

O filme de Carlos Saura de 1983 conta a historia de um grupo de teatro que tenta realizar um espectáculo baseado na obra Carmen de Bizet, mas o real interage com a fantasia e a história de amor. Durante o processo, o coreógrafo apaixona-se pela dançarina principal do elenco e é quando a realidade e a ficção se confundem

A Carmen do filme de Vicente Aranda (2003) é uma bela e sedutora cigana (Paz Vega) que trabalha numa fábrica de charutos. José (Leonardo Sbaraglia) é um honesto e religioso sargento do exército espanhol que se apaixona loucamente pela cigana e, por amor a ela, se vê envolvido com um grupo de contrabandistas. José, com ciúmes de Carmen que se apaixonou por um toureiro, vive uma tragédia que o levará à decadência e à perdição.

Na abordagem ao tema, o fascínio das ciganas pelos militares e as histórias de vida de Carmen divergem no comportamento da personagem, tornando-as diferentes. A Carmen da ópera é uma heroína, possui força e nobreza por seguir os seus desejos; a do livro revela uma personalidade caracterizada pela marginalidade; a do filme é uma mulher comum.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O ritual ou a arte de fumar charutos

Fumar um charuto pode ser uma arte se nos envolvermos num ritual, que passa, necessariamente, pela escolha de um bom charuto. A textura e a cor da “capa”, a disposição das veias, os detalhes da sua feitura, o toque aveludado e o aroma exalado são factores iniciáticos dos primeiros prazeres.

A alma do charuto, aquilo a que vulgarmente chamamos brecha, enchimento, torcida, miolo ou filler, pode ser feita com folhas de tabaco inteiras ou com folhas cortadas. Após o corte, utilizando uma pequena guilhotina de plástico ou uma pequena obra de arte de aço, prata ou ouro, o fumador deve ter o cuidado de não acender o charuto na ponta errada. Deve igualmente assegurar-se que as suas mãos estão isentas de quaisquer perfumes, pois o tabaco tem a propriedade de absorver com facilidade os odores que estão à sua volta. A título de exemplo: o simples facto de acender um charuto logo após ter feito a barba ou ter-se perfumado, e se não lavar as mãos, faz com que o charuto fique com o sabor do perfume.

O fumo pode ser através da chama de um fósforo, próximo da ponta do charuto. Durante esta operação, o fumador fará várias aspirações e com a ajuda de uma das mãos dará voltas ao charuto, na boca, para conferir uniformidade da queima inicial.

A manutenção da cinza durante a queima já passou de moda. Os charutos fabricados com folhas inteiras permitem a permanência da cinza, devido à estrutura das veias, ao contrário do charuto de fumo picado. É da praxe não se tragar o charuto, deve-se deixar a fumaça permanecer na boca, degustando e aspirando, lentamente, e sentindo a doçura dos bons charutos. Por fim, a pedra de toque do prazer da degustação, após três quartas partes do charuto, passa pela deposição no cinzeiro da parte restante para que se extinga por si mesmo.

domingo, 13 de novembro de 2011

Romeu e Julieta

Esta tragédia foi escrita entre 1591 e 1595 pelo actor e poeta inglês William Shakespeare (1564-1616) sobre dois adolescentes, cuja morte acaba unindo as suas famílias, até então rivais. A história desenrola-se em Verona (Itália), incidindo na rivalidade entre as casas de Capuleto e dos Montequio, que se envolviam permanentemente em lutas. Romeu, filho dos Montequio, era o único que se afastava dessas lutas. O destino fez com que Romeu cortejasse Julieta e ambos juraram amor eterno. Julieta, recusando o casamento que o seu pai lhe impõe, toma um narcótico. Romeu acredita que ela está morta e mata-se. Julieta, ao acordar, vendo Romeu morto, suicida-se em seguida.


Com base neste amor impossível, nasce um dos charutos havanos mais famosos. A marca foi estabelecida em 1875 por Inocêncio Alvarez e Mannin Garcia e, posteriormente, adquirida em 1903 por José “Pepin” Rodriguez Fernandez que, viajando pela Europa e América, promoveu a marca e inscreveu a sua égua Julieta em várias corridas. “Pepin” lançou uma campanha de marketing para os charutos Romeu e Julieta, que incluía contratos directos com o público, eventos, publicidade ao produto e viagens promocionais.


O suicídio de amor entre Romeu e Julieta ficou para a história, assim como a paixão pelos charutos está na base do sucesso da marca. O atraente rótulo das caixas de charutos representa a cena do balcão da peça Romeu e Julieta.


Após a revolução cubana de 1959, a marca mudou-se para a República Dominicana, mas Cuba, que nacionalizou a marca, continua a produzir Romeu e Julieta.

domingo, 28 de agosto de 2011

Explicando

Desde o século XIX que os charutos cubanos são os melhores do mundo. Em Cuba, a região privilegiada para a plantação de tabaco é o vale de Vuelta Abajo (Pinar del Rio), que oferece excelentes condições climáticas e de solo.


Entre as várias marcas está a Punch, criada em 1840, em Habana, por Manuel Lopez, proprietário da J. Valle & Cia. O nome da marca foi adoptado tendo em conta o mercado britânico e a revista de humor e sátira Punch (soco), que na época estava em voga.

Relativamente ao nome da revista, que serviu de adopção para a criação da marca de charutos cubanos, fora criada em 1841 por Mark Lemon e Henry Mayhew. Mais do que o humor e a sátira, a revista investia em criticas políticas e sociais, que incidiam sobre o cinismo do governo, a alta sociedade e ao modo como os trabalhadores eram tratados pelos empregadores. A primeira fase desta revista viria a terminar em finais do século XX (1992), e a segunda fase foi publicada entre 1996 e 2002.


No que se refere à marca de charutos, que ainda hoje existe, a litografia da caixa ilustra quatro momentos da produção de charutos e uma imagem de Mr Punch a fumar um charuto, acompanhado por um cão.


A marca Punch hondurenha foi originalmente manufacturada em Tampa (Florida, USA) e transferida para as Honduras em 1969.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

À descoberta da personagem


A indústria charuteira serve-se não só da temática retratista das figuras da história, da fauna e da flora, mas também das personagens dos grandes romances, ilustrações litográficas que documentam e embelezam as caixas e as cintas de charuto.

Respondendo a esses objectivos, a fábrica brasileira Suerdieck lançou no mercado interno e no alemão a marca de charutos Iracema. Trata-se de uma lenda do Ceará, escrita em 1865 por José de Alencar (1829-1877).

O romance trata, de forma poética, o amor quase impossível entre um branco, Martim Soares Moreno, colonizador português, e a bela índia Iracema, a virgem de lábios de mel e de cabelos negros. Iracema, índia da tribo dos tabajaras, era uma espécie de vestal, por guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos).


A acção inicia-se no princípio de 1604 e prolonga-se até 1611. A relação do casal serviria de alegoria para a formação da nação brasileira. A índia Iracema representaria a natureza virgem e a inocência, enquanto que o colonizador Martim (referência a Marte, deus romano da guerra) representa a cultura europeia. Do envolvimento dos dois surgirá o Brasil, representado alegoricamente pelo filho do casal, Moacir.

Iracema é um anagrama de América e, para alguns críticos, representa uma metáfora sobre a colonização americana pelos europeus.