segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Das folhas ao charuto

Após a colheita, as folhas são amarradas em maços e penduradas para secar e amadurecer, em espaços onde é feito o controlo da temperatura. Os talos são separados das folhas para a sua fermentação. Esta elimina as impurezas, a nicotina e refina o sabor do fumo. As folhas são depois separadas de acordo com a cor, o formato, a espessura e a resistência.


A estrutura de um charuto feito à mão compreende as seguintes partes: a folha do INVÓLUCRO (Capa), a folha da SUBCAPA (Capote) e as folhas que constituem o ENCHIMENTO (Miolo ou Tripa). A folha do invólucro é o elemento mais importante e corresponde, mais ou menos, a 60% do paladar; deve ser macia e dobrar-se com facilidade. Esta folha, que envolve a subcapa, deve ter uma coloração uniforme.


Os charutos de sabor suave possuem, geralmente, um invólucro Sumatra, Java ou Connecticut. Os charutos encorpados são feitos com invólucros do Brasil, da Colômbia, do México ou de Cuba.


A subcapa tem a função de envolver e sustentar o enchimento. Ela tem influência sobre a velocidade da queima, do aroma e do paladar . Para a subcapa são escolhidas as folhas mais flexíveis e resistentes que se encontram na parte inferior da planta.


O enchimento representa o coração do charuto. A sua composição ou mistura é fundamental para um charuto de selecção. É no segredo dessa mistura das folhas e na preparação adequada que reside a arte de um bom charuto. As folhas são dobradas em fole de forma a circular o ar e o fumo. Há três camadas da planta que podem ser de dois tipos: long filler (fumo inteiro) ou short filler (fumo picado).


As condições do solo, a temperatura e a humidade são essenciais e necessárias para uma boa qualidade das folhas para charuto. Assim, os charutos produzidos na República Dominicana, na Nicarágua, no México, em Cuba ou no Brasil não podem ser iguais, pelo facto das características locais serem diferentes. Os charutos “premium” são feitos à mão com folhas inteiras, que beneficiam da qualidade do solo, do clima, das técnicas de cultivo e do processo artesanal de enrolar as folhas.





sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Reflectindo sobre...

A ideia deste blog foi, fundamentalmente, divulgar o coleccionismo de cintas de charuto (vitolas, anilhas ou anéis) como um percurso cultural.

Entendo que um coleccionador, no verdadeiro sentido da palavra, tem o dever
de procurar informações sobre os diversos temas abordados na figuração das cintas e, ao mesmo tempo, pesquisar e conhecer um pouco sobre a origem das fábricas de charutos.

Nesta perspectiva, o estudo e a catalogação das cintas, tendo como adjuvante os catálogos editados por especialistas, permite uma abordagem ao conhecimento da história política, social e económica desta aldeia global, onde a sedução da (re)descoberta nos enriquece e valoriza.


As cintas de charuto, verdadeiros bilhetes de identidade, documentam as suas origens e, travestisadas nas suas roupagens de arco-iris, revelam pontos de partida para pesquisas e estudos mais aprofundados.

Assim entendido, o coleccionismo das cintas de charuto dá-nos a possibilidade de contactos com outros coleccionadores, nacionais e estrangeiros, para troca de duplicados, adquirindo ao mesmo tempo saberes específicos inerentes ao mundo da vitolfilia. Nesta permuta de materiais (cintas) e de informação, resulta um enriquecimento pessoal, cujo convívio, ainda que epistolar, nos valoriza como pessoas.

As cintas de charuto, esses bocados de papel pintado, bem educados em classificadores, desfilam aos nossos olhos numa passagem de modelos, qual jardim florido, provocando um enamoramento constante.