Branco foi meu nascimento e das cores do arco-íris me
vestiram para identificar um charuto. Representei uma casa de família e fui
retrato de personagens mundiais. Durante a minha função, abracei, como se fosse
um anel de noivado, um robusto charuto. Estava desempenhando o meu papel quando
senti o calor incandescente das folhas que ardiam silenciosamente, comprimidas,
até que fui salva pelas mãos do fumador. Nuvens de fumo envolviam o espaço,
criando um compromisso entre o sonho e a realidade, despertando prazeres
voluptuosos entre o fumante e os outros.
Agora,
já na idade de reforma, alojada num classificador, gozo pacientemente o
merecido repouso. Convivo com outras cintas, de países e fábricas diferentes,
e, apesar das diferenças, em particular a linguagem, somos iguais. Depois de
uma vida curta no desempenho, com profissionalismo, do trabalho que me foi
confiado, vivo numa expetativa excitante de ser objeto de troca com outras
cintas, viajar para outro lugar, conhecer outras cintas e outros
colecionadores.