Sentado numa
esplanada, desfrutando os raios de sol de inverno, vislumbrei um fumador de
charutos, que acompanhado degustava, com prazer, um belo charuto. Claro que o
que me atraiu não foi a linguagem do charuto nem o seu cheiro. Naquele corpo,
roliço, feito de tabaco, cujo fumo envolvia o ambiente, o que despertou a minha
atenção foi a cinta de charuto.
Envolvendo a peça, a cinta, indiferente à
aproximação do fogo, parecia esperar o momento oportuno par fugir àquele
incêndio. Assim pensei.
Iniciei então uma
caminhada para baixo e para cima, esperando que a cinta fosse salva. Na última
passagem, tendo perdido de vista o espaço, fui surpreendido com o
desaparecimento do fumador e do charuto. A tristeza invadiu o meu rosto pela
perda da oportunidade em deitar mão àquela cinta. Aproximei-me da mesa, palco e
cenário da tragédia e, olhando atentamente para o chão, uma luz iluminou a
cinta que jazia. Aproximei-me e recolhia-a. Era um Bolivar, fotografia do
general sul-americano, protagonista das guerras de independência das colónias
espanholas da América do Sul.
Tinha salvo a cinta de charuto e o meu dia.