Fumar um charuto pode ser uma arte se nos envolvermos num ritual, que passa, necessariamente, pela escolha de um bom charuto. A textura e a cor da “capa”, a disposição das veias, os detalhes da sua feitura, o toque aveludado e o aroma exalado são factores iniciáticos dos primeiros prazeres.
A alma do charuto, aquilo a que vulgarmente chamamos brecha, enchimento, torcida, miolo ou filler, pode ser feita com folhas de tabaco inteiras ou com folhas cortadas. Após o corte, utilizando uma pequena guilhotina de plástico ou uma pequena obra de arte de aço, prata ou ouro, o fumador deve ter o cuidado de não acender o charuto na ponta errada. Deve igualmente assegurar-se que as suas mãos estão isentas de quaisquer perfumes, pois o tabaco tem a propriedade de absorver com facilidade os odores que estão à sua volta. A título de exemplo: o simples facto de acender um charuto logo após ter feito a barba ou ter-se perfumado, e se não lavar as mãos, faz com que o charuto fique com o sabor do perfume.
O fumo pode ser através da chama de um fósforo, próximo da ponta do charuto. Durante esta operação, o fumador fará várias aspirações e com a ajuda de uma das mãos dará voltas ao charuto, na boca, para conferir uniformidade da queima inicial.
A manutenção da cinza durante a queima já passou de moda. Os charutos fabricados com folhas inteiras permitem a permanência da cinza, devido à estrutura das veias, ao contrário do charuto de fumo picado. É da praxe não se tragar o charuto, deve-se deixar a fumaça permanecer na boca, degustando e aspirando, lentamente, e sentindo a doçura dos bons charutos. Por fim, a pedra de toque do prazer da degustação, após três quartas partes do charuto, passa pela deposição no cinzeiro da parte restante para que se extinga por si mesmo.