A indústria charuteira serve-se não só da temática retratista das figuras da história, da fauna e da flora, mas também das personagens dos grandes romances, ilustrações litográficas que documentam e embelezam as caixas e as cintas de charuto.
Respondendo a esses objectivos, a fábrica brasileira Suerdieck lançou no mercado interno e no alemão a marca de charutos Iracema. Trata-se de uma lenda do Ceará, escrita em 1865 por José de Alencar (1829-1877).
O romance trata, de forma poética, o amor quase impossível entre um branco, Martim Soares Moreno, colonizador português, e a bela índia Iracema, a virgem de lábios de mel e de cabelos negros. Iracema, índia da tribo dos tabajaras, era uma espécie de vestal, por guardar o segredo de Jurema (bebida mágica utilizada nos rituais religiosos).
A acção inicia-se no princípio de 1604 e prolonga-se até 1611. A relação do casal serviria de alegoria para a formação da nação brasileira. A índia Iracema representaria a natureza virgem e a inocência, enquanto que o colonizador Martim (referência a Marte, deus romano da guerra) representa a cultura europeia. Do envolvimento dos dois surgirá o Brasil, representado alegoricamente pelo filho do casal, Moacir.
Iracema é um anagrama de América e, para alguns críticos, representa uma metáfora sobre a colonização americana pelos europeus.